Com Dória desidratando como pré-candidato ao Planalto, presidente do PSDB fala em lançar Jereissati

(Pedro França – Agência Senado)

 
A situação política do governo de São Paulo, João Dória Júnior (PSDB), não é das mais confortáveis. Depois de travar uma queda de braços com o presidente Jair Bolsonaro no campo das vacinas contra Covid-19, Dória sinalizou nos bastidores que seu projeto de concorrer à Presidência da República poderia ficar para depois ou até mesmo abandonado de uma vez.

Esse cenário político-eleitoral, não confirmado pelo governador paulista, se contrapõe ao plano de fazer de Rodrigo Garcia (DEM), atual vice-governador, candidato ao Palácio dos Bandeirantes em 2022. Pelo menos era o que estava combinado até recentemente, como forma de o Democratas apoiar a candidatura de João Dória ao Palácio do Planalto.

Presidente nacional do PSDB, o ex-deputado federal Bruno Araújo, que chegou ao comando da legenda como apoio de Dória, trabalha para lançar o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) como candidato do partido à Presidência da República.

Em entrevista ao jornal “O Globo”, Bruno Araújo alegou que o movimento em torno do nome de Jereissati visa unir as forças políticas de centro para 2022. “Recentemente se intensificaram movimentos no sentido de convencê-lo a aceitar colocar o seu nome. Claro que é um nome que enriquece muito o processo político nacional e transcende de forma definitiva o PSDB”, afirmou Araújo.

 
Entre tentar convencer Tasso Jereissati a concorrer à Presidência e o senador cearense aceitar o desafio há uma sensível diferença. Com vasta experiência política, Tasso sabe que cabalar 50 milhões de votos exige, além de ser ungido pelos centristas, ter considerável penetração no eleitorado nacional, algo que não se pode cravar como certo, pois o brasileiro é politicamente preguiçoso.

A alegação de Araújo é que a possível candidatura de Tasso serviria para minimizar a polarização que só cresce entre Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula. É importante ressaltar que por enquanto Lula tem sido prudente ao afirmar que a preocupação do momento é derrotar Bolsonaro, não definir uma candidatura com tanta antecedência.

Quem acompanha a política brasileira com mais proximidade sabe que movimento que tem Tasso Jereissati como eventual presidenciável tucano servirá mais adiante para o PSDB costurar acordos e alianças com foco na corrida ao Palácio do Planalto. Um dos possíveis aliados é Ciro Gomes, filiado ao PDT e que tem falado como pré-candidato.

A aposta de Ciro Gomes em relação a uma aliança com o PSDB ganha força com as críticas do pedetista a João Dória, que assiste à desidratação inclusive de sua possível reeleição ao governo paulista. A grande dúvida está em como resolver a questão envolvendo Rodrigo Garcia, que até agora tem sido o governador de fato.

Quando lideranças regionais do PSDB decidiram endossar, em 2015, João Dória como candidato à Prefeitura de São Paulo, o UCHO.INFO afirmou que não demoraria muito para surgir o arrependimento dos tucanos. O tempo, mais uma vez, foi senhor da razão.

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