Adiado em quinze dias por causa da alegação de eventual reinfecção pelo novo coronavírus, o depoimento à CPI da Covid do general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde e “pau mandado” do presidente da República, era esperado pelos senadores e por grande parte da opinião pública pelo fato de trazer detalhes sobre a omissão do governo federal no enfrentamento da pandemia.
Pazuello, que no final de semana foi treinado por assessores palacianos para faltar com a verdade, fará o impossível para defender um governo indefensável e obediente ao negacionismo criminoso de Jair Bolsonaro.
O depoimento do também ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, nesta terça-feira (4), produziu os estragos que em tese ficariam somente a cargo de Pazuello, o militar especialista em logística que se perde em meio a tantos absurdos cometidos à frente da pasta da Saúde.
Médico ortopedista, ex-deputado federal e com os olhos voltados para a corrida presidencial de 2022, Mandetta soltou a voz e detalhou a irresponsabilidade de Bolsonaro diante do avanço da pandemia. O ex-ministro da Saúde disse que em dado momento foi chamado ao Palácio do Planalto para discutir decreto que incluiria a Covid-19 na bula da hidroxicloroquina, medicamento sem eficácia comprovada contra a doença. O então ministro discordou da manobra e acabou demitido em 16 de abril do ano passado.
Além disso, Mandetta afirmou ter enviado carta ao presidente Jair Bolsonaro reclamando da falta de apoio do governo ao Ministério da Saúde no combate à pandemia, ao mesmo tempo em que alertou para o colapso do sistema público de saúde. Luiz Henrique Mandetta teve suas reivindicações ignoradas pelo presidente da República, que à época, como agora, insistia no negacionismo e na irresponsabilidade genocida.
Relator da CPI da Covid, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) considerou o depoimento de Mandetta como de extrema importância. Para o emedebista, chamou a atenção, entre tantos detalhes revelados pelo ex-ministro, a participação do vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente, em reuniões para discutir medidas de enfrentamento da pandemia. De acordo com Mandetta, o filho “02” anotava o que era discutido e decidido.
“Várias vezes na reunião do ministério, o filho do presidente, que é vereador do Rio de Janeiro, estava atrás, tomando as notas na reunião. Eles tinham constantemente reuniões com esses grupos dentro da Presidência”, disse Mandetta.
Não restam dúvidas sobre o desespero que toma conta do Palácio do Planalto em relação aos desdobramentos da CPI. Os próximos depoimentos certamente reforçarão a fala de Luiz Henrique Mandetta, que na audiência desta terça-feira soube se esquivar das armadilhas montadas pelos senadores governistas. O depoimento de Eduardo Pazuello foi remarcado para o dia 19 de maio.
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