Em meio a seguidos discursos com ameaças à democracia e às instituições, o presidente Jair Bolsonaro vê o cerco político se fechar em seu entorno. Depois do posicionamento firme e contundente do Judiciário e do Legislativo, que reagiram à insinuação de que as eleições do próximo poderão não ocorrer, Bolsonaro tornou-se alvo de inquérito da Polícia Federal para apurar eventual crime de prevaricação no caso da Covaxin.
O procedimento foi oficialmente instaurado no último dia 2, após decisão da ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF). A ministra atendeu pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), que inicialmente preferiu aguardar o fim da CPI da Covid antes de iniciar possíveis apurações. A magistrada não apenas negou o pedido, reenviou o caso à PGR, que por sua vez solicitou a instauração de inquérito.
A investigação tem como base notícia-crime oferecida pelos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Fabiano Contarato (Rede-ES) e Jorge Kajuru (Podemos-GO) a partir de suspeitas de corrupção reveladas em depoimentos à CPI da Covid.
O caso foi levado ao STF após o deputado federal Luís Cláudio Miranda (DEM-DF) e seu irmão Luís Ricardo Fernandes Miranda, que é servidor do Ministério da Saúde, afirmarem em depoimento à CPI que o presidente da República foi informado sobre suposto esquema de corrupção no âmbito das negociações para aquisição da Covaxin, vacina contra Covid-19 produzida pela farmacêutica indiana Bharat Biotech. Segundo os irmão Miranda, Bolsonaro ignorou os alertas.
No dia 24 de junho, quase três meses após ter sido informado pelo deputado Luís Miranda sobre possíveis irregularidades no processo de aquisição da Covaxin, o presidente ainda não havia acionado a PF para investigar o caso. O inquérito para apurar as denúncias foi instaurado somente em 30 de junho a mando de Anderson Torres, ministro da Justiça e Segurança Pública.
Antes disso, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, em pronunciamento no Palácio do Planalto, se limitou a apresentar documentos possivelmente adulterados e a ameaçar os irmãos Miranda. Em vez de defender a investigação da denúncia, Lorenzoni anunciou que os denunciantes seriam investigados.
No último sábado (10), ao ser questionado sobre o encontro com o deputado Luís Cláudio Miranda, o presidente da República Bolsonaro se eximiu da responsabilidade de tomar providências sobre denúncias. Em suma, Bolsonaro admitiu ter sido alertado sobre o caso.
“Ele (Miranda) pediu uma audiência pra conversar comigo sobre várias ações. Tenho reunião com mais de 100 pessoas por mês, dos mais variados assuntos. Eu não posso simplesmente, ao chegar qualquer coisa pra mim, tomar providência”, respondeu Bolsonaro a um repórter da Rádio Gaúcha.
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