Em 2018, quando o UCHO.INFO afirmou que o então candidato Jair Bolsonaro era desprovido de competência e estofo para um cargo que exige tamanha responsabilidade e ponderação, como a Presidência da República, não o fez por questões políticas e ideológicas, mas, sim, porque a trajetória política do atual presidente fala por si só. Em suma, é um populista barato que flerta diuturnamente com o autoritarismo.
A falta de sensibilidade de Bolsonaro com as questões sociais e sua obsessão em demonizar partidos de esquerda coloca o Brasil na rota das incertezas. O mais novo absurdo vociferado pelo presidente envolve o vento à distribuição gratuita de absorventes higiênicos a para estudantes, mulheres em situação de vulnerabilidade e presidiárias.
Nesta quinta-feira (7), durante conversa com apoiadores, Bolsonaro disse que a proposta, decorrente do projeto de lei nº 4.968, de 2019, de autoria da deputada federal Marília Arraes (PT-PE), foi proposital. Em outras palavras, o presidente entende ser a proposta uma armadilha da esquerda, sem ao menos considerar a realidade das mulheres que enfrentam a vulnerabilidade econômica.
“É irresponsabilidade apresentar um projeto sem apontar a fonte de custeio. Isso é feito proposital, para desgastar. Por que o PT não fez isso quando estava no poder?”, questionou.
Bolsonaro, que teve sua fala transmitida por canal mantido por um dos seus radicais apoiadores, tentou mais de uma vez justificar o veto à proposta. “Quando qualquer projeto cria despesa, o parlamentar sabe que tem que apresentar a fonte de custeio. Se eu sanciono, é crime de responsabilidade. Eu não tenho alternativa, sou obrigado a vetar”, disse o chefe do Executivo.
O Senado aprovou em 15 de setembro o programa destinado à promoção da saúde menstrual. Na edição desta quinta-feira do Diário Oficial da União (DOU), o presidente justificou o veto com a tese de que o projeto contraria o interesse público, “uma vez que não há compatibilidade com a autonomia das redes e estabelecimentos de ensino. Ademais, não indica a fonte de custeio ou medida compensatória”.
O programa barrado por Bolsonaro estabelece parâmetros para a promoção da saúde e da atenção à higiene feminina. Além disso, objetiva combater a falta de acesso a produtos de higiene e a outros itens necessários ao período da menstruação feminina, ou a falta de recursos que possibilitem a sua aquisição, bem como garantir cuidados básicos de saúde e desenvolver meios para a inclusão das mulheres em ações e programas relacionados ao tema.
A impossibilidade, por questões financeiras, de adquirir absorventes higiênicos leva dezenas de milhares de meninas a não comparecerem à escola durante o período menstrual. A bancada feminina no Congresso Nacional já trabalha para derrubar o veto presidencial de Bolsonaro, que a cada dia revela mais de sua essência.
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