YouTube apaga “live” de Bolsonaro e suspende conta do presidente por sete dias

 
O YouTube removeu na noite desta segunda-feira (25) a última “live” do presidente Jair Bolsonaro, em que ele falsamente associa as vacinas contra Covid-19 ao risco de desenvolver AIDS. A plataforma também suspendeu a conta do presidente por uma semana. Durante o período, ele ficará impossibilitado de publicar vídeos ou fazer transmissões ao vivo. Se em 90 dias Bolsonaro voltar a propagar notícias falsas, o período de suspensão será dobrado.

“Removemos um vídeo do canal de Jair Bolsonaro por violar as nossas diretrizes de desinformação médica sobre a covid-19 ao alegar que as vacinas não reduzem o risco de contrair a doença e que causam outras doenças infecciosas. As nossas diretrizes estão de acordo com a orientação das autoridades de saúde locais e globais, e atualizamos as nossas políticas à medida que a orientação muda. Aplicamos as nossas políticas de forma consistente em toda a plataforma, independentemente de quem for o criador ou qual a sua opinião política”, informou o YouTube em comunicado.

No domingo, Facebook e Instagram já haviam deletado a “live”, afirmando que as políticas da plataforma “não permitem alegações de que as vacinas de covid-19 matam ou podem causar danos graves às pessoas.”

Mentira sobre AIDS

No vídeo da última quinta-feira (21), Bolsonaro leu um texto afirmando que vacinados com as duas doses contra a covid-19 estariam desenvolvendo a “síndrome da imunodeficiência adquirida” – o nome oficial da AIDS – “mais rápido do que o previsto” e que tal conclusão era supostamente apoiada em “relatórios oficiais do governo do Reino Unido”.

Contudo, não há estudos do governo do Reino Unido que mencionam tal risco. Entidades médicas e cientistas imediatamente desmentiram o presidente em redes sociais.

 
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A notícia falsa citada por Bolsonaro foi publicada originalmente pelos sites Stylo Urbano e Coletividade Evolutiva, este último um site antivacinas que já veiculou informações falsas ao longo da pandemia. Os dois sites se basearam numa página em inglês conhecida por espalhar teorias conspiratórias.

O site “Aos Fatos” apontou que os textos divulgados por “Stylo Urbano” e “Coletividade Evolutiva” inseriram de maneira fraudulenta uma tabela que não existia em documentos oficiais das autoridades sanitárias do Reino Unido.

Notas de repúdio

A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) foi um dos grupos que desmentiu a fala de Bolsonaro que associou vacinas à aids. Em nota, a entidade repudiou “toda e qualquer notícia falsa que circule e faça menção a esta associação inexistente”. A nota foi endossada pela Associação Médica Brasileira (AMB).

No Twitter, a epidemiologista Denise Garrett, do Instituto de Vacinas Sabin (EUA), reiterou que nenhuma das vacinas para covid-19 aprovadas pela Food and Drug Administration (FDA) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) causam HIV. Ela também chamou Bolsonaro de “inescrupuloso”, “mentiroso” e “criminoso”.

A microbiologista Natalia Pasternak também usou o Twitter para afirmar que nenhuma vacina faz com que as pessoas desenvolvam AIDS.

Já o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) pediu à CPI da Pandemia que envie ao Supremo Tribunal Federal (STF) um requerimento com uma compilação das mentiras divulgadas por Bolsonaro na transmissão semanal. O senador deseja que o documento seja anexado no inquérito das “fake News” que tramita no tribunal.

O relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou que Bolsonaro faz “terrorismo de Estado”. “Isso não é apenas fake news, é mais do que uma simples mentira – isso é terrorismo de Estado. A Justiça precisa frear essa loucura”, escreveu o senador alagoano no Twitter.

Na última semana, o relatório da CPI da Covid imputou nove crimes a Bolsonaro, inclusive o de “incitação ao crime” por espalhar sistematicamente notícias falsas e incitar o desrespeito às medidas contra a pandemia. O relatório também apontou que Bolsonaro comanda uma rede de informações falsas com a participação de seus filhos e blogueiros bolsonaristas. (Com agências de notícias)

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