Assembleia-Geral da ONU condena invasão russa à Ucrânia

 
A Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas condenou nesta quarta-feira (2), em Nova York, a invasão russa na Ucrânia e pediu que Moscou pare imediatamente com as agressões. Os votos pela resolução que exige o fim da guerra em solo ucraniano tiveram ampla maioria: dos 193 estados-membros, 141 votaram a favor – entre eles, o Brasil. Apenas cinco países votaram contra, enquanto outros 35 se abstiveram, como a China.

O texto diz que os países favoráveis à medida deploram “nos mais fortes termos a agressão da Rússia contra a Ucrânia”. Ao contrário de resoluções do Conselho de Segurança da ONU, porém, esta resolução tem mais importância política do que em termos de ações práticas, já que não é juridicamente vinculativa. No entanto, o resultado demonstra como nações de todo o mundo se posicionam e conceituam a invasão russa na Ucrânia.

Os cinco países que votaram contra a condenação russa foram Belarus, Coreia do Norte, Eritreia, Síria e a própria Rússia.

A reunião de emergência convocada pela Assembleia-Geral da ONU é apenas a 11ª em mais de 70 anos de existência da entidade, fundada em 24 de outubro de 1945. Nem todos os países-membros votam na Assembleia-Geral, assim como alguns não têm direito voto atualmente por causa de dívidas.

A resolução expressou “grande preocupação com relatos de ataques a instalações civis, como residências, escolas e hospitais, e de vítimas civis, incluindo mulheres, idosos, pessoas com deficiências e crianças”. O texto também demanda que “a Federação Russa interrompa imediatamente o uso de força contra a Ucrânia e se abstenha de outra ameaça ilegal ou uso de força contra qualquer estado-membro da ONU”.

 
Rússia não deve parar com ataques

Apesar da resolução que condena suas ações, a Rússia deixou claro que não deve mudar o curso militar na Ucrânia: “Este documento não nos permite parar as atividades militares”, disse o embaixador russo na ONU, Vasily Nebenzya, que afirmou que a aprovação poderia encorajar “forças radicais” e “nacionalistas” em Kiev.

Moscou conceitua o governo democraticamente eleito na Ucrânia como ilegítimo e extremista.

Antes da votação, Kiev havia pregado a união de todos os países contra as agressões à Ucrânia: “Estamos vivendo um momento decisivo para nossa geração”, declarou o embaixador ucraniano na ONU, Sergiy Kyslytsya, ao fim da sessão de emergência convocada pela ONU que durou três dias.

Segundo Kyslytsya, a Rússia não invadiu o território ucraniano apenas para cumprir objetivos de política externa ou “matar alguns de nós”, mas sim “para privar a Ucrânia do próprio direito de existir”.

Brasil vota pela condenação

Representado na assembleia pelo embaixador Ronaldo Costa Filho, o Brasil vem tentando adotar uma posição intermediária em relação ao conflito. Nesta segunda-feira, por exemplo, Costa Filho condenou a invasão da Ucrânia pela Rússia, mas questionou o envio de armas ao país, o que tem sido feito por vários países ocidentais.

No domingo, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o Brasil adotaria um posicionamento “neutro” sobre a invasão da Ucrânia, para não “trazer as consequências do embate para o país”. “O mundo todo está conectado que o que acontece a 10 mil quilômetros influencia no Brasil” (…) Nós temos que ter muita responsabilidade, porque temos negócios, em especial com a Rússia. O Brasil depende de fertilizantes”, afirmou Bolsonaro. O presidente disse que não havia “nenhuma sanção ou condenação ao presidente Putin”.

Porém, em votação ocorrida na sexta-feira passada no Conselho de Segurança da ONU, no qual o Brasil ocupa um assento temporário, o representante brasileiro votou a favor de uma resolução semelhante que condenava a invasão da Ucrânia. Assim como fez nesta quarta-feira. (Com agências internacionais)

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