Descontrolado, Bolsonaro continua ameaçando a democracia e afirma que, “por Deus”, jamais será preso

 
Autoridades permanecem em silêncio, alguns jornalistas defendem não abordar o assunto de forma recorrente. Estamos a falar das seguidas ameaças de golpe formuladas pelo presidente Jair Bolsonaro. Em 2018, durante a campanha presidencial, o UCHO.INFO afirmou, sem receio de errar, que Bolsonaro, se eleito, em algum momento tentaria dar um “cavalo de pau” na democracia.

Na ocasião, a turba bolsonarista se voltou contra este portal, dedicando-nos acusações absurdas e xingamentos típicos de casa de alterne. O tempo passou e confirmou nosso alerta. Bolsonaro insiste em ameaçar a democracia e as eleições de outubro.

A grande questão que se impõe é que a grande imprensa, que à época não se importou com o fato, agora noticia aos quatro cantos a pretensão golpista de Bolsonaro, sem reconhecer que fomos os primeiros a alertar para essa possibilidade.

A maioria dos partidos de oposição e legendas independentes afirma que os ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral e aos ministros do STF e do TSE representam comportamento golpista que precisa ser considerado com a necessária responsabilidade.

Preocupado com a possibilidade cada vez maior de ser derrotado nas urnas, Bolsonaro tem se dedicado a disseminar ameaças à democracia, como forma de convencer o eleitorado a reelegê-lo. O presidente criou um inimigo fictício, o comunismo, que não existe no Brasil, para defender uma candidatura que derrete na esteira dos escândalos do governo e da escalada da inflação.

Nesta segunda-feira (16), durante discurso no evento de abertura da feira da Associação Paulista de Supermercados (Apas), na zona norte da cidade de São Paulo, Bolsonaro relativizou os atos de raiz golpista do 7 de Setembro do ano passado, tratando-os como manifestações de liberdade de expressão, e disse que nunca irá para a cadeia.

 
“A liberdade é mais importante que a nossa própria vida. Em mais da metade do meu tempo eu me viro contra processos. Ainda falam que eu vou ser preso. Por Deus que está no céu, eu nunca serei preso”, afirmou o presidente. “Não estou dando recado para ninguém”, emendou.

Aos gritos, Bolsonaro se irritou em diferentes momentos do discurso, com direito a uma enxurrada de palavrões, e novamente ameaçou não cumprir decisões do STF sobre terra indígena. O presidente atacou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), chamado por ele de “inexpugnável”.

Participaram do evento, endossando silenciosamente o discurso descontrolado e golpista do chefe do Executivo federal, o ainda ministro Paulo Guedes, da Economia, e o ex-ministro Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), cuja candidatura ao governo de São Paulo foi inventada por Bolsonaro, que precisa de palanque no mais importante estado da federação.

É preciso que as autoridades e as entidades representativas da sociedade reajam à altura e com celeridade e firmeza, sem dar ouvidos aos que entendem ser melhor deixar as investidas golpistas de lado. É inaceitável que o presidente da República ataque a democracia diuturnamente, sem que medidas sejam adotadas para conter esse projeto totalitarista.

Sobre o fato de que jamais será preso, como ele próprio afirmou a mais de 720 empresários, trata-se de um misto de futurologia de camelô com desespero de alguém que busca desesperadamente um segundo mandato para manter o foro privilegiado. Talvez Bolsonaro esteja pensando em seguir o roteiro de Getúlio Vargas, que saiu da vida para entrar na história. Não obstante, Jair Bolsonaro sabe que longe do poder terá dificuldade para manter a blindagem aos filhos.

Bolsonaro vem acenando com a possibilidade de convulsão social para amedrontar setores da economia que permanecem calados diante de um vocacionado a ditador. Ou para-se o presidente da República, ou devemos nos preparar para o pior.