Governo se transformou em sex shop de casa de alterne, comandado por um candidato a aprendiz de ditador

 
Durante a campanha presidencial de 2018, afirmamos, sem medo de errar, que o então candidato Jair Bolsonaro era – e ainda é – desprovido de competência e estofo para assumir cargo de tanta importância e responsabilidade como a Presidência da República. O tempo passou e nossa afirmação foi comprovada em inúmeras ocasiões.

Acostumado a agir na Presidência como se estivesse na recepção do lupanar mais próximo, Bolsonaro tem, na nossa modestíssima opinião, alguma questão mal resolvida em relação à masculinidade. Por diversas vezes o presidente alardeou a sua virilidade, como se tal assunto fosse de interesse da população, exceto a sua grege. O chefe do Executivo já disse que não usa aditivos nas relações sexuais e outras bizarrices do gênero.

Em 12 de novembro de 2021, durante cerimônia de lançamento do programa “Comida no Prato”, o presidente mais uma vez destilou sua grosseria ao cometer imperdoável gafe com a primeira-dama Michelle Bolsonaro. Ao cumprimentar os presentes ao evento, Bolsonaro disparou: “Bom dia a todos, menos para a primeira-dama, porque eu já dei um bom dia muito especial para ela hoje. Acreditem se quiser”.

Apesar desse rompante de deselegância, algo comum no seu cotidiano, o presidente tenta se aproximar do eleitorado feminino usando a imagem de Michelle Bolsonaro. Qualquer mulher com doses rasas de coerência e brio já teria deixado Bolsonaro falando sozinho, mas cada pessoa tem o direito de escolher o caminho que melhor convém.

Na última segunda-feira (31), durante o programa do apresentador Sikêra Júnior, da RedeTV, a primeira-dama fez uma breve aparição, talvez a pedido do marido, e disse que Bolsonaro é “imbrochável”, “incomível” e “imorrível”. Como lembrou o brilhante jornalista Carlos Brickmann na mais recente edição da sua coluna, publicada no UCHO.INFO, “todos os homens são mortais, ensinava o título de um bom livro de Simone de Beauvoir. Imortais são os deuses e os demônios”.

Sobre ser ou não “imbrochável”, voltamos a lembrar que esse assunto não interessa à população. Contudo, para quem durante a campanha exibiu suposta virilidade política, prometendo mandar a corrupção para o cadafalso, Bolsonaro “brochou” diante do proxenetismo político do Centrão.

 
Em relação ao fato de ser “incomível”, o presidente precisa revelar aos brasileiros o motivo que o levou a determinar a detenção de uma mulher que ao vê-lo à margem da Via Dutra, acenando para os motoristas, gritou “noivinha do Aristides”. Esse termo foi revelado por Jarbas Passarinho, ministro da ditadura militar. O tal Aristides foi instrutor de judô na época em que Bolsonaro era cadete na Academia Militar de Agulhas Negras (AMAN). Ademais, tomando por base que entre quatro paredes vale tudo, inclusive combinar uma mentira qualquer, a primeira-dama que venha a público para explicar a própria fala.

Bolsonaro, como sabem os brasileiros dotados de bom-senso, vez por outra surge em cena com declarações homofóbicas, como se a orientação sexual de outrem lhe incomodasse sobremaneira. No ano de 2010, em entrevista a revista Playboy, o então deputado federal afirmou: “O filho começa a ficar assim meio gayzinho, leva um couro, ele muda o comportamento dele. Tá certo”.

Um ano depois, em 2011, ao participar de programa da TV Câmara, Bolsonaro declarou: “Para mim é a morte. Digo mais: prefiro que morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí. Para mim ele vai ter morrido mesmo”. Presidente, prega a sabedoria popular que é preciso ter cuidado com o que é falado, pois os anjos podem dizer amém.

Invocando a todo momento o nome de Deus e expondo publicamente ao ridículo a primeira-dama, Bolsonaro apresenta-se como conservador, mas na verdade é movido por intolerância que chega a ser criminosa. E conservadorismo não pode ser confundido com intolerância. Na democracia cada um tem o direito de seguir e defender suas crenças e ideologias, desde que as do próximo sejam igualmente respeitadas.

Para concluir, causa espécie o silêncio conivente de Bolsonaro diante do escândalo em que se transformou a compra, pelas Forças Armadas, de 11,2 milhões de comprimidos do genérico do Viagra, entre 2019 e 2022, ao custo de R$ 33,5 milhões, e a aquisição de 60 próteses penianas, entre 10 e 25 centímetros, pela bagatela de R$ 3,5 milhões.

Apenas a título de informação, na Psicologia a projeção é considerada um mecanismo de defesa no qual os atributos indesejados de determinada pessoa são transferidos a terceiros. Pode ser o caso de Bolsonaro. Resumindo, o governo se transformou um sex shop mambembe de beira de estrada, comandado por um candidato a tiranete de república bananeira.