(*) Carlos Brickmann
Vergonha na cara é artigo em falta. Bolsonaro mandou gastar o que temos e o que não temos para facilitar sua reeleição – e, como seria ilegal derramar tanto dinheiro a tão pouco tempo da eleição, usou o tal estado de calamidade. E teve a colaboração de toda a oposição – no Senado, só um parlamentar se colocou contra a gastança eleitoral, José Serra. Os outros, fossem quais fossem seus partidos, botaram para quebrar. O dinheiro não é deles, mesmo.
Agora dá para calcular o custo de arrombar o teto de gastos. Impostos a zero sobre gasolina e diesel reduzem a arrecadação federal em R$ 34 bilhões em seis meses. A redução obrigatória do ICMS dos Estados custa, no mesmo período, R$ 51 bilhões (e o ICMS é que paga a Educação). Com isso, o Fundeb, maior fonte de recursos das escolas, perde R$ 20 bilhões, bem agora que, após dois anos de problemas com a pandemia, é preciso gastar mais para repor o que os estudantes perderam. Os Estados perdem R$ 102 bilhões por ano. E para quê? Uma parte é não apenas meritória, mas essencial na crise: o auxílio para quem precisa. Mas este auxílio dura até o fim do ano. Aí já se torna desnecessário, porque a eleição se terá realizado.
Mas a baixa do ICMS sobre combustíveis fósseis, poluentes (e que rapidamente vão perdendo a liderança no mercado), essa é para sempre. A gasolina mais barata permite a um milionário gastar menos com seu SUV de quinhentos e poucos cavalos.
Governo e oposição brigam. Mas fazem as pazes com o nosso dinheiro.
Um e outro
Lembra-se do empreiteiro José Adelmário Pinheiro, conhecido como Leo Pinheiro, que era presidente da OAS, fez delação acusando Lula e desmentiu a delação? Leo Pinheiro é o pai de Manuella, a esposa de Pedro Guimarães, que deixou a presidência da Caixa Econômica Federal após ser acusado de assédio sexual. Quem trouxe seu nome à baila foi Manuella, ao defender seu marido, via Instagram. “Para muitos, minha guerra por um Brasil melhor começou em 2019 com o Pedro presidente da Caixa Econômica Federal. Entretanto, começou em 2014 com meu pai, Leo Pinheiro”.
Na opinião de Manuella, o objetivo das acusações é destruir sua família.
Foto-foto dupla-dupla
A foto da passeata pró-Lula em Salvador, amplamente divulgada pelo PT, tinha um problema (ou seriam dois?): olhando bem, dava para ver que muita gente aparecia mais de uma vez na mesma foto. Falsificação? Não, informa o PT: a duplicação ocorreu por um “bug” (falha) da foto panorâmica, feita com uma tecnologia que agrupa diversas fotos em diferentes ângulos, tiradas em movimento contínuo. Mas o fotógrafo é Ricardo Stuckert, excelente. E nas campanhas petistas sempre há profissionais de grande talento e competência, dedicados, com o equipamento mais moderno (na tal foto foi usado um drone). Mas o PT diz que eles falharam. Então, tá.
Prepare seu coração
Nesta campanha o que não vai faltar é uso de tecnologia. E a tecnologia evoluiu muito: outro dia, vi um vídeo com o ex-presidente Trump cantando “Despacito”. É impecável. E se dão ao luxo de focalizar de perto os lábios de Trump em vários momentos, mostrando que ele diz o que se ouve. Será preciso, de agora em diante, verificar cuidadosamente até o que está gravado.
Chega de senhas
O ótimo portal jurídico gaúcho Espaço Vital (www.espacovital.com.br) nos traz uma notícia excelente: na última reunião da Apple, aberta apenas a desenvolvedores, o vice-presidente de Tecnologia, Darin Adler, informou que a partir de setembro os novos equipamentos da empresa usarão “uma credencial de última geração mais segura, fácil de usar e que substituirá as senhas”. As chaves de acesso serão criptografadas de ponta a ponta. Daí em diante, será aberto um par de chaves matematicamente relacionadas, uma pública, uma particular. O dono do aparelho usará o Touch ID ou o Face ID e o equipamento fará o restante.
Entendeu? Eu não. Mas como de hábito irei recorrer à Integrasis, o impecável escritório de Informática. O Pascoal Aita Neto e o Carlos Eduardo Lopes Moreira vão cuidar disso e nos mostrar que botões teremos de apertar. Não falta muito para setembro chegar!
As senhas
De acordo com o respeitado Espaço Vital, as cinco senhas mais comuns são 123456, 123456789, 12345, qwerty (seis letras seguidas no teclado) e password. E há quem seja criativo: um conselheiro da OAB gaúcha muda as senhas de três em três meses, sempre no dia 1º. Sua senha anterior tinha sido $juizes@odeiam#penduricalhos…
Trinta e um toques.
Bate o pé
Bolsonaro não quis receber o presidente de Portugal porque o visitante iria também conversar com Lula. Perdeu a chance de iniciar a comemoração dos 200 anos de Independência de presidente para presidente. Ou teremos só a macabra ida e volta do coração de d. Pedro I? Deixem o falecido em paz!
(*) Carlos Brickmann é jornalista e consultor de comunicação. Diretor da Brickmann & Associados, foi colunista, editor-chefe e editor responsável da Folha da Tarde; diretor de telejornalismo da Rede Bandeirantes; repórter especial, editor de Economia, editor de Internacional da Folha de S. Paulo; secretário de Redação e editor da Revista Visão; repórter especial, editor de Internacional, de Política e de Nacional do Jornal da Tarde.
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