Após ataque covarde à jornalista Vera Magalhães, Bolsonaro pode desistir de debates e sabatinas

 
Como mencionamos em matéria anterior, o debate entre presidenciáveis realizado por um pool de veículos de comunicação (Grupo Bandeirantes, TV Cultura, Folha de S.Paulo e UOL), no domingo (28), deixou a desejar em termos de propostas factíveis, mas sobraram promessas que avançam no terreno da impossibilidade.

O momento de maior polêmica, infelizmente, ficou por conta do presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, que desrespeitou a jornalista Vera Magalhães (O Globo, GloboNews e Roda Viva), que ao chefe do Executivo formulou pergunta sobre a vacinação contra Covid-19 e foi grosseiramente atacada.

“Vera, não podia esperar outra coisa de você, você dorme pensando em mim. Você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro. Já está apelando”, afirmou. Bolsonaro ainda a agradeceu, de forma irônica, a oportunidade de falar “algumas verdades” sobre a jornalista.

Os efeitos colaterais desse covarde ataque foram os piores possíveis para Jair Bolsonaro, que corre o risco de perder para a senadora Simone Tebet (MDB) espaço entre o eleitorado feminino.

 
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A repercussão negativa da investida contra Vera Magalhães foi tamanha, que Bolsonaro cancelou participação em sabatina promovidas pela rádio Jovem Pan na manhã desta segunda-feira (29).

A equipe de campanha do candidato do PL avançou a madrugada avaliando seu desempenho no debate e defende que Bolsonaro não participe mais de debates e selecione apenas alguns convites para entrevistas, de preferência as que alcançam sua horda de apoiadores.

Durante o debate da Band, Bolsonaro e seus assessores não esperavam que Simone Tebet e Soraya Tronicke pudessem se unir para defender as mulheres Aconselhado pela equipe de campanha, o presidente retomou o tema no terceiro bloco do debate, mas acabou atrolepado por Ciro Gomes, presidenciável do PDT.

Questionado sobre declaração machista dada na campanha presidencial de 2002, quando disse que o papel de sua então esposa, Patrícia Pillar, era “dormir com ele”, Ciro respondeu ter reconhecido o erro e que já havia se desculpado pela declaração, mas que continuará se desculpando o tempo todo.

O pedetista foi além e admitiu ser fruto de uma “cultura machista” e estar “sempre aprendendo” a reconhecer quando incorre em declarações e gestos misóginos. Dirigindo-se a Bolsonaro, concluiu: “Mas você não aprende nada nunca”.


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