Mito é uma narrativa torpe que tenta exalar algum tipo de simbolismo, mas não passa de delírio de quem aceita ser enganado. Mito é um conjunto de tolices que alimenta o imaginário dos incautos. Não por acaso, Jair Bolsonaro, o genocida em fuga, é chamado de mito por seus radicais apoiadores. Ignaro confesso e conhecido, Bolsonaro se deixa levar por essa e outras sandices, acreditando ser a derradeira tábua de salvação da raça humana.
Despreparado, golpista, preconceituoso e de caráter vil, Jair Bolsonaro é também um covarde recorrente. Aconselhado por advogados, abandonou o cargo dois dias antes do fim do mandato presidencial para evitar ser preso no escopo dos inquéritos de que é alvo.
Refugiado em Orlando, na Flórida, desde que abandonou a Presidência da República, Bolsonaro corre o risco de ser expulso dos Estados Unidos porque o visto diplomático perdeu a validade quando deixou de ser chefe do Executivo brasileiro.
Diante desse cenário e à sombra das nefastas reticências dos atos terroristas perpetrados por seus apoiadores em Brasília no último domingo (8), o ex-presidente avalia retornar ao Brasil para não passar por vexame internacional.
Não se trata de lampejo de coragem de Bolsonaro, mas um movimento calculado para preservar seu depauperado capital político. Em silêncio obsequioso desde que foi derrotado por Lula no segundo turno da eleição presidencial, em 30 de outubro passado, Jair Bolsonaro acompanha à distância o derretimento da extrema-direita, cenário que compromete principalmente seus filhos que atuam na política.
Flávio Bolsonaro, o príncipe das “rachadinhas”, e Eduardo Bolsonaro, o “fritador de hamburguer do Maine”, convenceram o pai a retornar ao Brasil o quanto antes, mesmo correndo o risco de ser preso. Afinal, os efeitos colaterais dos atos terroristas em Brasília continuam a correr o planeta e uma eventual expulsão dos Estados Unidos seria a pá de cal na trajetória de um político embusteiro.
A estratégia bolsonarista consiste em erguer uma oposição ao governo Lula a partir do retorno de Jair Bolsonaro, que no caso de eventual prisão abusaria do discurso de perseguido. Alguém que, negacionismo em punho, patrocinou a morte de 700 mil brasileiros no terreno da pandemia do novo coronavírus não pode vestir a cangalha da perseguição.
O possível retorno de Bolsonaro ao Brasil servirá para acelerar o processo de desmonte da extrema-direita, hoje restrita a alguns subservientes que perambulam pelo Congresso Nacional a reboque de mandatos parlamentares.
Longe do radicalismo bolsonarista, a direita brasileira tenta se reerguer, mas a tarefa será desafiadora, talvez hercúlea. Ex-vice-presidente da República e senador eleito pelo Rio Grande do Sul, Hamilton Mourão não demorou muito para mostrar suas garras. No último dia de 2022, em pronunciamento à nação como presidente interino, Mourão desancou para o lado de Bolsonaro, sem citá-lo.
Carlos Alberto dos Santos Cruz, general da reserva e ex-chefe da Secretaria da Presidência que foi alcançado pela peconha do “gabinete do ódio”, já se mostra interessado em liderar a direita. Comportamento semelhante tem o também general da reserva Paulo Chagas, que após a posse de Lula disse ter pena dos oficiais do Exército. Em suma, Chagas, que tropeçou ao tentar se eleger governador do Distrito Federal e não teve sucesso como candidato a deputado federal, flerta com a liderança da direita.
O Partido Liberal (PL), legenda pela qual Bolsonaro tentou a reeleição, já dá sinais de que pode migrar para o lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O currículo do presidente do partido, Valdemar Costa Neto, o “Boy”, fala por si e dispensa maiores apresentações. Mesmo assim, na medida do possível, Costa Neto dispara vez ou oura um salamaleque na direção de Bolsonaro.
Ao ex-presidente, caso retorne ao País, restará o comando dos extremistas que invadiram e depredaram as sedes do Executivo, do Judiciário e do Legislativo, em clara e fracassada tentativa de abrir caminho para um golpe de Estado.
Os atos terroristas do último domingo serviram para fortalecer Lula e o ministro Alexandre de Moraes, já que a banda não radical do bolsonarismo começa a perceber que Bolsonaro é não apenas a personificação da farsa, mas a representação inconteste de um totalitarismo que se esconde atrás de declarações bíblicas e mentirosa louvação a Deus.
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