Preservação da Amazônia permitirá ao Brasil virar o jogo e fortalecer a democracia

(*) Waldir Maranhão

Durante quatro anos, de 2019 a 2022, o Brasil viveu à sombra de insana polarização política e de uma avalanche de ameaças à democracia e ao Estado de Direito. Disposto a conseguir a reeleição a qualquer custo, Jair Bolsonaro não pensou duas vezes antes de afundar a economia brasileira, que agonizava em meio às consequências da pandemia.

A candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que agora está em seu terceiro mandato, serviu para fomentar o discurso de ódio e informações falsas sobre o futuro do País. Diziam os apoiadores de Bolsonaro que o Brasil não demoraria muito para se assemelhar à Venezuela, como se Lula não tivesse apreço pela democracia.

Sem ter como fazer oposição responsável e coerente ao atual governo, a extrema direita, liderada por Bolsonaro e seus mais radicais apoiadores, torce para que a economia nacional fracasse. Aos extremistas sobrou apenas isso, pois é apenas isso que sabem fazer.

Gostem ou não os apoiadores do ex-presidente, o Brasil começa a ressurgir das cinzas golpistas deixadas por Bolsonaro. A economia dá sinais de recuperação, com as notas de crédito do Brasil sendo revistas pelas agências de classificação de risco, e a volta do interesse dos investidores em relação ao País.

A reforma tributária e o projeto do novo arcabouço fiscal, que aguardam aprovação no Congresso, permitiram ao Comitê de Polícia Monetária do Banco Central (Copom) reduzir em meio ponto percentual a taxa básica de juro. O corte não é dos maiores, mas sinaliza uma curva de redução da taxa, o que por si só estimula a economia e recobra a confiança no País.

No tocante às questões ambientais, o Brasil, com Lula, retomou o protagonismo internacional em torno das discussões sobre a preservação da Amazônia e da redução dos desmatamentos. Preservar a floresta amazônica não representa ameaça à soberania nacional, como dizia Bolsonaro. Na verdade, a preservação da floresta é um ativo valiosíssimo que proporcionará aos brasileiros, em especial aos amazônidas, dias melhores e de vida digna.

Lembro que a preservação da floresta amazônica tem muito mais valor do que os dividendos do desmatamento promovido por criminosos que, ao arrepio da lei, tentam extrair tudo o que natureza dispõe. Em outras palavras, apostam em “passar a boiada”, como disse o ex-ministro do Meio Ambiente.

A preservação da maior floresta tropical do planeta renderá ao Brasil investimentos internacionais, a começar pelos da União Europeia, possibilitando o crescimento sustentável da economia.

Nesse ponto, cabe-me ressaltar a importância da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia, agora sob o comando do ex-senador Paulo Rocha, paraense de Terra Alta que tão bem conhece as necessidades e as mazelas da região e seu povo.

Em tão desafiador cenário, mas viável, merece destaque o desmedido empenho do governador do Pará, Helder Barbalho, que dedicou-se para viabilizar a Cúpula da Amazônia, assim como faz em relação à COP-30. Helder tem atuado como determinado guerreiro em defesa da Amazônia e do Meio Ambiente, que, diante da importância do tema, ultrapassa as fronteiras do cargo de governador, mostrando-se um ativista da causa ambiental.

Queiram ou não aqueles que odeiam a democracia, Lula é dono de invejável habilidade política, algo que em poucos meses se fez presente novamente desta vez na Cúpula da Amazônia, evento que acontece em Belém como prefácio da trigésima Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-30), que acontecerá em 2025 na capital paraense.

Em menos de seis meses, Lula conseguiu resgatar a importância do Brasil na seara ambiental, devolvendo ao País um protagonismo que foi irresponsavelmente atropelado pelo governo anterior, apenas porque questões relacionadas ao meio ambiente são consideradas pelos extremistas como pauta da esquerda.

A tragédia que se instalou na Terra Indígena Yanomami foi um alerta para as autoridades brasileiras, compromissadas com o futuro, tomassem providências para evitar que a Amazônia chegasse a um ponto sem retorno.

Os maledicentes podem torcer contra e dizer que nada foi feito desde o início do novo governo, mas reerguer um País, em todas as suas instâncias, não é tarefa fácil, principalmente depois de um desastre autoritarista sem precedentes desde o golpe militar de 64.

Todo homem público, não importa o partido político ou a corrente ideológica a que pertença, tem o dever de pensar no futuro e nas gerações que estão por vir, assim como não pode fugir à responsabilidade de proporcionar a cada cidadão uma vida digna e a garantia de que o Brasil voltará a ser respeitado em todos os cantos do planeta, pois ninguém mais suporta o mantra de que vivemos no “país do futuro”, futuro esse que teima em não chegar.

Falar sobre o amanhã exige que tomemos providências hoje, pois o tempo é impiedoso e a Amazônia e os povos originários clamam por atenção.

(*) Waldir Maranhão – Médico veterinário e ex-reitor da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), onde lecionou durante anos, foi deputado federal, 1º vice-presidente e presidente da Câmara dos Deputados.

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