Preconceituoso e “lacrador”, bolsonarista Nikolas Ferreira comandará a Comissão de Educação da Câmara

 
Engenheiro, político (foi deputado federal), jornalista e membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), Octavio Mangabeira governou a Bahia de abril de 1947 a janeiro de 1951. Criativo e dono de verve afiada, Mangabeira, que morreu em outubro de 1930, é autor de uma célebre frase que serve para traduzir o momento atual do Brasil. “Pense num absurdo, na Bahia há precedente”, disse o ex-governador baiano.

Com a devida licença poética, a frase de Octavio Mangabeira pode ser adaptada para “pense num absurdo, no Brasil há precedente”. Isso porque a política brasileira transformou o País em uma catapulta de escárnios.

Não bastassem os quatro anos do desgoverno do golpista fracassado Jair Bolsonaro, que atentou contra a democracia de forma recorrente, agora o Brasil assiste a um espetáculo degradante no Congresso Nacional, onde o proselitismo político avança de forma descontrolada, podendo nos levar a um cenário de exceção.

Em matéria anterior, afirmamos que entregar o comando da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados ao Partido Liberal, legenda que abriga Bolsonaro e seus golpistas, é um contrassenso. Um partido que tem suas hostes golpistas não pode estar à frente da CCJ.

No início da noite desta quarta-feira (6), a deputada federal Caroline de Toni (PL-SC), bolsonarista ferrenha, foi eleita presidente da CCJ, a mais importante comissão permanente da Câmara, onde tramitam, obrigatoriamente, todos os projetos de lei.


 
Diz o ditado popular que “não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe”, mas aceitar com passividade os absurdos que brotam da atividade política é quase uma sentença de morte. Não obstante a eleição de Caroline de Toni para presidir a CCJ, outro bolsonarista radical subiu ao picadeiro que funciona no Congresso. O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) foi eleito presidente da Comissão de Educação da Câmara.

Um dos mais coléricos opositores do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o deputado mineiro atuará na comissão para dificultar a vida do governo e dificultar a aprovação de projetos que envolvem a educação pública brasileira, que, vale lembrar, está em péssima situação.

É inconcebível ter na presidência da Comissão de Educação um deputado que alcançou a fama na esteira de ofensas contra os que discordam dos valores obtusos da extrema direita e publica nas redes sociais informações falsas.

Em março de 2023, Nikolas Ferreira ocupou a tribuna do plenário da Câmara para um discurso transfóbico. Usando uma peruca loira, o parlamentar mineiro disse que “se sentia mulher”, afirmando em seguida que as “mulheres estão perdendo espaço para homens que se sentem mulheres”.

Nikolas se envolveu em várias polêmicas, como, por exemplo, postagem com conteúdo gordofóbico, apoio aos discursos golpistas, provocações ao presidente Lula com a frase “oferecer comida é estratégia de satanás”.


 
O novo presidente da Comissão de Educação abusou do devaneio ao recorrer à Bíblia para defender o armamentismo deflagrado por Bolsonaro. Em embate com Guilherme Boulos, o deputado mineiro afirmou que Jesus o filho de Deus não veio ao mundo para “acabar com a desigualdade ou a pobreza” e que, no livro de Lucas, Jesus ordenou aos discípulos “venderem sua capa e comprarem uma espada”.

Logo após o primeiro turno da eleição presidencial de 2022, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou a remoção de um vídeo em que Nikolas Ferreira insinuava que Lula incentivaria crianças e adolescentes a usarem drogas. Fosse pouco, o deputado afirmou que o então candidato do PT fecharia igrejas, perseguiria padres e prenderia opositores.

Para fechar o enredo dos absurdos, Nikolas, em discurso na “5ª Cúpula Transatlântica”, evento da extrema realizado em novembro passado na sede da ONU, em Nova York, atacou os professores ao destacar a falta de referências e fragilidades da juventude.

“Escravos de suas próprias vontades. Uma geração que não sabe lidar com a dor, o confronto, e muito menos entender o que está errado. Quem trocou os conselhos de seus pais pelo conselho de professores que nunca os carregaram nos braços? Quem direcionou a força das juventudes para manifestações que só servem a quem está dominando?”, disse o parlamentar.

Ao analisar o fascismo e suas nefastas consequências, o filósofo britânico Bertrand Russell (1872 – 1970) foi certeiro ao afirmar: “Primeiro entusiasmaram os idiotas e depois amordaçaram os inteligentes.” Ainda é tempo para retirar as mordaças!


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