Em ano de eleições, o vale-tudo sempre domina a cena política, principalmente quando candidatos enfrentam dificuldades junto ao eleitorado. Na cidade de São Paulo, a maior capital do País, o prefeito Ricardo Nunes parece não se incomodar em usufruir da estrutura municipal para alavancar sua candidatura à reeleição.
Nunes autorizou o uso do Theatro Municipal de São Paulo para abrigar homenagem à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, cujo marido, o golpista Jair Bolsonaro, apoia a candidatura do prefeito paulistano, na esperança de indicar o candidato a vice.
Questionado sobre o uso de um local público, Ricardo Nunes justificou sua decisão com a alegação de que o Theatro já foi palco de muitos eventos. A homenagem a Michelle foi aprovada pela Câmara Municipal, onde, na opinião do UCHO.INFO, deveria ocorrer o evento de entrega do título de cidadão paulistana. Outros eventos idênticos foram realizados na Câmara de vereadores.
De acordo com Nunes, “não é salutar para a democracia” que a homenagem seja alvo de questionamento apenas por se tratar da mulher de Jair Bolsonaro.
“A democracia, ela é ampla, a democracia é para todos. […] Foi a Casa do Povo que aprovou a homenagem. […] Por que estão tendo esse questionamento? Não é porque ela cometeu algo de errado, porque ela não merece o título. Estão fazendo isso porque ela é esposa do ex-presidente Jair Bolsonaro. Gente, vamos criar juízo. Que democracia é essa? Democracia da hipocrisia?”, questionou.
Outra justificativa para a cessão do Theatro é que a Câmara não comportaria os mais de 1.500 convidados para o evento. Bastava restringir os convites para que a Câmara pudesse abrigar a cerimônia, como de praxe.
Na verdade, a cerimônia será um ato da pré-campanha de Ricardo Nunes, que espera contar com os votos da comunidade evangélica para permanecer mais quatro anos no comando da cidade. O prefeito deveria rever o próprio discurso e deixar de hipocrisia.
Causa espécie o fato de a Câmara Municipal ter referendado a homenagem a alguém que tinha ciência do plano golpista e foi coadjuvante no escândalo das joias doadas ao Brasil pelo governo saudita.
Sob o pretexto das teses do conservadorismo, que serve para camuflar o golpismo que continua em marcha, o Brasil está sendo empurrado na direção do retrocesso, movimento marcado por absurdos de toda ordem.
Analisando o imbróglio por outra perspectiva, talvez Ricardo Nunes tenha razão, pois o Theatro Municipal seja o local ideal para o evento, pois o que Michelle Bolsonaro mais fez ao longo dos últimos anos foi encenação.
Em qualquer país minimamente sério, os artífices da tentativa de golpe e os protagonistas do caso das joias sauditas já estariam atrás das grades. Porém, como o Brasil insiste em existir sob a égide do eterno “faz de conta”, Bolsonaro e sua malta continuam patrocinando bizarrices das mais diversas.
Não bastasse o “turista acidental” Tarcísio de Freitas ter sido eleito governador de São Paulo, Michelle Bolsonaro será, em breve, cidadã paulistana. O estado de São Paulo e a capital já viveram dias melhores.
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