Embaixador de Israel diz querer solidariedade do governo Lula no caso do genocídio em Gaza

 
Compreender o ser humano e seus devaneios tornou-se tarefa cada vez mais desafiadora, tal algo impossível. Atacado pelos extremistas do Hamas em 7 de outubro passado, Israel respondeu ao ataque, algo a que tinha direito. O governo genocida de Benjamin Netanyahu já matou mais de 30 mil palestinos – a maioria crianças, mulheres e idosos – que viviam na Faixa de Gaza, quando deveria centrar as ações militares no Hamas.

Não bastasse o genocídio que tem gerado críticas por toda parte, Israel foi além e passou a dificultar a chegada de ajuda humanitária aos 2 milhões de palestinos que vivem no enclave e em breve morreram de inanição.

Acertadamente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, em entrevista coletiva concedida na capital etíope, que Gaza tornou-se palco de inegável genocídio. Lula afirmou: “O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu: quando o Hitler resolveu matar os judeus”.

Israel insiste em reivindicar a exclusividade do genocídio ocorrido na Alemanha nazista, pois assim consegue de alguma maneira justificar as ações de um governo deliberadamente criminoso. Querer imputar a Lula uma comparação entre o Holocausto e o genocídio na Faixa de Gaza é oportunismo rasteiro e torpe. Pior é justificar a matança de palestinos com a tese boquirrota da “terra prometida”.

Em novo momento de oportunismo barato, Israel declarou o presidente Lula “persona non grata”. Aliás, diante do que está ocorrendo em Gaza, o governo de Tel Aviv pode ter feito um enorme favor ao presidente brasileiro.

Agora, com os primeiros sinais de desgaste do discurso marcado pela vitimização pândega, Israel tenta reaproximação com o governo brasileiro, tarefa delegada ao embaixador do país no Brasil, Daniel Zonshine.


 
Em entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo”, Zonshine disse estar “procurando” solidariedade do governo brasileiro com o seu país. Solidariedade que, de acordo com o representante diplomático, é manifestada por parlamentares, pessoas em altos cargos e o povo brasileiro.

Por razões óbvias, Zonshine reza pela cartilha do facínora Benjamin Netanyahu, que tenta impor ao planeta uma realidade paralela que não existe. Há uma diferença gritante entre combater o Hamas e dizimar o povo palestino que vive na Faixa de Gaza.

É a partir dessa realidade paralela que Daniel Zonshine espera receber gestos de solidariedade do governo brasileiro, que jamais endossará a avalanche criminosa no enclave palestino. Além disso, somente alguém desconectado da realidade pode afirmar que o povo brasileiro é solidário a Israel na empreitada genocida.

No meio político, os solidários a Israel são os adeptos do golpe que, sem aceitar a derrota nas urnas de 2022, usa o genocídio para fazer oposição ao governo do presidente Lula. Em relação ao povo brasileiro, somente os de origem judaica e os evangélicos – estes últimos uma verdadeira massa de manobra operada pelos mercadores da fé – são solidários a Israel.

O embaixador de Israel deveria saber que apoiar um genocídio deliberado não coaduna com a verdadeira essência humana. Que os descendentes de judeus declarem apoio a Israel é aceitável, mesmo que a oratória esteja pasteurizada, mas causa espécie os cristãos pentecostais apoiarem uma tragédia humana como a que acontece em Gaza.

Se há nessa tragédia quem mereça solidariedade, considerando os desdobramentos do conflito, certamente são os palestinos da Faixa de Gaza.


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