Postura covarde de Bolsonaro pode impulsionar delações de militares golpistas presos pela PF

A sabedoria popular ensina que a polícia logra êxito quando os criminosos se desentendem. Essa máxima encaixa perfeitamente na tentativa de golpe de Estado liderada por Jair Bolsonaro, que temendo ser preso fugiu para os Estados Unidos faltando três dias para o fim do mandato.

A Operação Contragolpe, deflagrada pela Polícia Federal em 19 de novembro, levou para a prisão alguns dos envolvidos no plano golpista. Entre os presos estão os militares Hélio Ferreira Lima, Mario Fernandes, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo, além do policial federal Wladimir Matos Soares.

As investigações da PF não deixam dúvidas a respeito da participação direta de Bolsonaro no plano criminoso que visava sufocar a democracia. Diante das provas colhidas pelos investigadores, a defesa do ex-presidente adotou uma estratégia perigosa: responsabilizar os generais da reserva Walter Braga Netto e Augusto Heleno.

Um dos pilares do Exército é a lealdade, algo que Bolsonaro parece não se lembrar. O ex-presidente está sendo tratado por seus comparsas como traidor, o que pode piorar sobremaneira sua situação, principalmente por causa de eventuais acordos de colaboração premiada.

Sob pressão da família, o general da reserva (“kid preto”) Mario Fernandes não descarta uma delação premiada, o que, em tese, tem potencial para implicar principalmente Bolsonaro, mas também Braga Netto e Augusto Heleno.

Então número 2 da Secretaria-Geral da Presidência da República no governo Bolsonaro e responsável pela elaboração do plano “Punhal Verde e Amarelo, cujo objetivo era assassinar o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes (STF), o general da reserva trocou de advogado na última semana. Agora, a defesa do militar está sob a responsabilidade do advogado Marcus Vinícius Figueiredo.

Se por um lado Fernandes é pressionado pela família, por outro o advogado descarta, por enquanto, a possibilidade de delação. Para selar um acordo de colaboração premiada, o general terá de delatar outros envolvidos no fracassado plano golpista. Trata-se de decisão complexa e difícil, pois é enorme o risco do delator de ser eliminado mais adiante. É o caso do tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que aderiu à delação. Em ambos os casos (Cid e Fernandes) o Estado brasileiro é responsável pela integridade dos delatores.

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