Trump suspende ajuda militar à Ucrânia após discussão com Zelensky

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, determinou na segunda-feira (3) a suspensão temporária de toda ajuda militar americana à Ucrânia, de acordo com autoridades militares e do governo. A decisão veio dias depois do encontro nada amigável entre o governante americano e Volodymyr Zelensky, na Casa Branca, acompanhado pela imprensa e transmitido ao vivo.

De acordo com uma fonte ouvida pela agência EFE, Trump está interessado em mediar a paz no país invadido pela Rússia, mas nos seus termos – ele quer que “todos os nossos parceiros estejam comprometidos com esse objetivo”.

A medida interrompe o empenho de mais de US$ 1 bilhão (aproximadamente R$ 5,9 bilhões) em ajuda militar em andamento e encomendadas, inclusive o envio de armas e equipamentos que já estavam a caminho, em território polonês, prontos para a entrega final aos ucranianos, de acordo com o The New York Times.

A ordem veio após uma série de reuniões na Casa Branca na segunda-feira entre Trump e seus assessores de segurança nacional. De acordo com fontes, que falaram em condição de anonimato para veículos e agências de notícias, a decisão deve vigorar até a Ucrânia demonstrar boa vontade com as negociações de paz com a Rússia.

Mais cedo, Trump escreveu em sua rede social que a oposição de Zelensky a um rápido acordo de paz com Moscou poderia custar-lhe o cargo. “Talvez alguém não queira fazer um acordo, e se alguém não quiser fazer um acordo, não acho que essa pessoa ficará por aqui por muito tempo. Essa pessoa não será ouvida por muito tempo, porque acho que a Rússia quer fazer um acordo.”

Rompimento entre Washington e Kiev

A decisão do presidente americano é a primeira consequência do bate-boca ocorrido na última sexta-feira (28), quando Trump pressionou Zelensky a aceitar um acordo rápido e incondicional para encerrar a guerra.

Zelensky demonstrou desconfiança em relação ao compromisso do presidente russo, Vladimir Putin, de pôr fim à guerra e chamou o presidente russo de “assassino”, o que enfureceu Trump. O presidente americano acusou Zelensky de estar “jogando com a Terceira Guerra Mundial” e de “não ser muito grato” em relação ao apoio concedido pelos EUA.

Após os momentos de tensão, o acordo previsto para ser assinado naquele dia – em que a Ucrânia cederia a exploração de recursos minerais estratégicos em troca de apoio ou garantias de segurança contra a Rússia – não foi assinado, e uma coletiva de imprensa conjunta prevista para aquele dia foi cancelada.

A decisão de Trump aumenta ainda mais o rompimento entre Washington e Kiev, o que deve beneficiar Putin. Se a suspensão for longa, ele poderá usar o tempo para pressionar por mais ganhos territoriais na Ucrânia, avaliam observadores.

A suspensão da ajuda militar americana também coloca os EUA em conflito com seus principais aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). A maioria das nações europeias, lideradas pela França, Alemanha e Reino Unido, prometeu aumentar a ajuda à Ucrânia nos últimos dias, apoiando Zelensky em sua disputa com o governo Trump.

A Rússia informou nesta terça-feira (4) que a suspensão da ajuda dos EUA à Ucrânia foi a “melhor contribuição para a paz”, de acordo com o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. Ele acrescentou: “Veremos como a situação no terreno evolui”, enfatizando que os EUA têm sido o principal fornecedor militar da Ucrânia desde que Moscou lançou sua ofensiva na Ucrânia, em fevereiro de 2022.

No entanto, os países europeus são os principais apoiadores da Ucrânia. De acordo com o Instituto para Economia Mundial de Kiel (IFW), os membros da União Europeia juntamente com Islândia, Noruega, Suíça e Reino Unido já disponibilizaram US$ 138,7 bilhões para a Ucrânia desde o início da guerra, enquanto os Estados Unidos contribuíram com US$ 119,7 bilhões no mesmo período. (Com agências internacionais)

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