No seu 457º aniversário, São Paulo foi alvo do vandalismo e do desmando que retratam o Brasil

Ignorância em ação – A semana termina com um assunto sério em destaque: o 457º aniversário de São Paulo, a maior metrópole brasileira e uma das cidades mais importantes do planeta. No último dia 25, terça-feira, o Brasil trabalhou a meia carga por conta do feriado na capital dos paulistas.

Pujante como qualquer grande cidade, São Paulo tem detalhes tão incríveis quanto inexplicáveis. Com gente de todas as partes do mundo e retrato fiel de um país miscigenado e que cresce à sombra do desmando, São Paulo recebeu de muitos dos seus filhos, paulistanos ou não, declarações de amor, mas também foi alvejada pela pequenez de espírito que a falta de cultura e preparo incute em uma minoria.

Um dos símbolos da Pauliceia Desvairada, o Monumento às Bandeiras, obra que tem a assinatura do respeitado escultor Victor Brecheret, não apenas retrata um importante capítulo da história do estado de São Paulo, mas dá as boas vindas aos que diariamente frequentam o Parque do Ibirapuera, projeto paisagístico de Roberto Burle Marx que serviu como marco das comemorações pelo IV Centenário da cidade.

No dia em que São Paulo deveria receber apenas o carinho dos cidadãos que nela vivem, a reportagem do ucho.info flagrou, mais uma vez, um punhado de desavisados que se dependuravam no monumento para fotografias. Do outro lado da rua, impávidos e colossais, estavam guardas civis metropolitanos contemplando com desdém um ato de vandalismo contra a cultura, como se São Paulo e sua história formassem um palco para a ignorância que grassa em boa parte do Brasil.

Com excessivas doses de certeza, os penduricalhos humanos que montaram no monumento jamais ouviram falar em Victor Brecheret e nem mesmo sabe as razões que levaram a obra a ser batizada como “Monumento às Bandeiras”. No contraponto, os guardas municipais precisam saber que monumentos fazem parte da memória cultural da cidade e do país e não podem ser transformados em parque de diversão pelo primeiro abusado que surgir.

Esse quadro de ausência de cidadania e desrespeito à cultura decorre de um coquetel silenciosamente corrosivo e que ditou o ritmo de nossa querida e tresloucada Botocúndia nos últimos anos: sensação de impunidade com lufadas de ignorância. Triste São Paulo, triste Brasil!