Ditadura da maioria – O senador Itamar Franco (PPS-MG) bem que tentou adiar, mas o Senado Federal já começou a discutir o projeto que aumenta o salário mínimo para R$ 545 e agrega os mesmos critérios de reajustes até 2015 por decreto presidencial. Itamar apresentou três questões de ordem para adiar a votação, mas o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), rejeitou todas as argumentações. Disse que não houve ilegalidade na leitura do projeto na sessão de terça-feira (22), quando foi pedida urgência na votação.
É consenso que o projeto será aprovado por maioria (acima de 50 e menos de 60 votos). Até mesmo o senador Paulo Paim (PT-RS), que se reelegeu graças a um discurso em favor do trabalhador e do aposentado, acompanhará o governo, assim como o senador Pedro Simon (PMDB-RS). Devem votar contra os senadores Casildo Maldaner (PMDB-SC) e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE).
Deverão ser registrados de quatro a cinco votos de abstenção, pois alguns parlamentares não concordam com a vinculação entre salário e decreto. Há uma manifestação popular, especialmente no microblog Twitter, de que o decreto seja uma ponta de autoritarismo que poderá crescer segundo o interesse da maioria esmagadora governista. O relator do projeto, senador Romero Jucá (PMDB-RR) afirmou que o decreto estava previsto desde 2008, quando numa votação até a oposição aprovou a proposta.
O governo informou que aumento de R$ 5 causará um impacto adicional de R$ 1,36 bilhão nas finanças públicas, levando em conta que a proposta passará a vigorar a partir do dia 1º de março. Nas galerias estão representantes de centrais sindicais e especialmente de aposentados, os principais prejudicados pela sistemática de reajuste a ser adotado daqui pra frente e nos próximos quatro anos. (Foto abaixo: Waldemir Barreto – Agência Senado)