Crise com empresas terceirizadas pode levar a Vale a se explicar em audiência pública

Demitidos – Poderá ser muito maior que 2.500 o número de trabalhadores demitidos de empresas terceirizadas que faliram por conta de quebra de contratos com a gigante da mineração Vale. A crise provocada pelas demissões no Maranhão e no Pará chegou à Assembleia Legislativa maranhense. Há denúncias de que alguns contratos teriam sido rompidos por conta de uma série de questões, inclusive cobrança de propina por parte de fiscais a serviço da Vale.

No dia 10 de fevereiro, a empresa de mineração encaminhou ao ucho.info nota em que afirma estar cumprindo com os contratos. Negou também irregularidades trabalhistas, já que trabalhadores ligados à empresa WO Engenharia ficaram sem salários entre janeiro e fevereiro deste ano. Houve manifestações com o fechamento da ferrovia Carajás, por onde é transportado o carvão mineral das minas paraenses para o Porto do Itaqui, no Maranhão.

O empresário Olimpio Biondo, da Engecaf Serviços Ltda, também reclama da Vale. Disse que tinha parceria de onze anos com a mineradora, mas o último contrato assinado em 2009, no valor de R$ 69 milhões, foi rompido com a justificativa de incapacidade financeira e também negligência à segurança do trabalho.

“Nossa empresa estava bem estruturada e com um caixa acima de R$ 500 mil para manter o inicio da mobilização sem nenhuma dívida no mercado financeiro; ainda tínhamos 600 empregados sem nenhum acidente com perda de tempo há mais de 4 anos”, escreveu ao jornalista e blogueiro Décio Sá.

Para reparar o prejuízo, ele disse que sua empresa entrou com uma reclamatória na Justiça de Minas Gerais. “Entendemos que a mesma (a Vale) pode estar manipulando nosso processo no Rio de Janeiro”, denuncia.

Na terça-feira (22), o deputado Neto Evangelista (PSDB) afirmou que teve acesso a e-mails de um fiscal de obras da Vale. O correio eletrônico teria sido enviado a Luciano Monte, da empresa Concrema (fiscaliza os contratos celebrados entre a Vale e suas contratadas).

Paolo Coelho cita vários nomes, entre eles, Rogério Belfort e Alessandro Lima, ambos gerentes da WO. Ao ocupar a tribuna da Assembléia, Neto Evangelista disse que faria um requerimento à Mesa Diretora propondo uma audiência pública para debater a polêmica.

Pelo menos 3 mil funcionários já foram demitidos de empresas maranhenses e paraenses em decorrência da falta de pagamento por parte da Vale. “Isso envolve pelo menos 9 mil pessoas, incluindo funcionários e familiares, que estão sendo prejudicadas com essa quebra de contrato”.