Falta de algodão no mercado internacional ameaça produção têxtil no Brasil

Preços altos – As indústrias têxteis de Santa Catarina estão operando com estoque reduzido de algodão e em alguns casos a quantidade disponível é bem menor do que o necessário para manter a produtividade. A crise que se avizinha poderá provocar demissões de trabalhadores no segundo pólo de confecções do Brasil, com 1,5 mil empresas e 290 mil pessoas empregadas.

Em melhor situação que as concorrentes estaria a Coteminas, empresa de propriedade do ex-vice-presidente José Alencar Gomes da Silva. A indústria mantém várias unidades pelo País, inclusive em Blumenau, onde estão as grandes empresas do setor.

A situação preocupa o governo catarinense, pois o governador Raimundo Colombo (DEM) já acenou com a possibilidade de flexibilizar o percentual de importação do subsídio do ICMS. Em recente feira promovida pelo setor de confecções, Colombo observou que “a indústria catarinense é obrigada a importar algodão e matéria-prima porque a produção brasileira não atende a demanda”.

Na manhã desta quarta-feira (02) o Cepea informou que a comercialização do algodão continua lenta no mercado brasileiro. As instabilidades política e econômica no Oriente Médio e Norte da África tornam os “agentes apreensivos” quanto aos impactos nas transações internacionais, que provocam ligeiras altas. No mês, o indicador subiu 11,25%.

A crise poderá ser ainda maior por conta da redução da estimativa da produção de algodão na Índia. Segundo notícia de hoje do site português “Só Notícias”, a colheita deverá encolher em 5,2%, em razão da entrega inferior à esperada do produto até o momento, “o que diminuiu a chance de haver mais oferta vinda do segundo maior produtor mundial, em um momento em que os estoques globais estão baixos e os preços batem sucessivos recordes”.

A produção de algodão da Índia na safra 2010/2011 deve ficar em torno de 31,2 milhões de fardos, o que indica uma redução do recorde de 32,9 milhões de fardos previsto em 6 de janeiro. Na safra 2009/2010, o país produziu 29,5 milhões de fardos. As informações são da Dow Jones.

Há uma semana, o Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e do Vestuário de Blumenau afirmou que “podemos perceber” que esta crise é um processo que mistura realidade e ações especulativas. “Sem dúvida, este problema refletirá no custo final dos produtos e mesmo com a regularização do fornecimento entraremos em um novo patamar de preços. Não vamos ter mais algodão barato”.