Azeite e água – “Com essa fusão ganhamos em quantidade, mas não sei se ganhamos em qualidade”, alerta o deputado Audífax Barcelos, o mais votado do Espírito Santo nas eleições do ano passado, com mais de 161 mil votos. Ele se refere à provável fusão entre o PSB e Democratas paulista para a constituição de uma terceira legenda, o Partido da Democracia Brasileira (PDB).
A diferença de identidade entre Kassab e o PSB, um partido com ideais socialistas, é a principal preocupação dos três parlamentares que são contra a fusão. A ex-prefeita de São Paulo, Luiza Erundina, ameaça, inclusive, deixar o partido caso a ideia se concretize. “Pela incompatibilidade, incoerência que isso representaria. Eu seria uma estranha no ninho”, explica.
O presidente do PSB em São Paulo, deputado federal Márcio França, saiu em defesa da movimentação partidária do prefeito Gilberto Kassab e atacou o “personalismo” dos políticos de sua legenda. França é peça central na articulação política de Kassab.
“O PSB é um partido do Nordeste. Precisa ter lideranças no Sudeste e Sul. Kassab foi um bom prefeito. Precisamos de reconhecimento nacional e nos cacifar para a sucessão presidencial”, discorda Paulo Foletto (PSB-ES). Audifax diz ainda que essa discussão sequer chegou ao partido. E que ele soube do “casamento” pela imprensa. Foletto também não discutiu a questão.
O jornal “Folha de S. Paulo” ouviu 32 dos 34 congressistas da sigla e 29 deles, ou 90%, defendem a fusão rápida ou veem com simpatia a ideia. Apenas três são contrários. O principal argumento dos favoráveis é que a articulação fortalecerá o PSB e dará mais condições para que o presidente nacional da sigla, o governador Eduardo Campos (PE), dispute a presidência da República. Dos 29 favoráveis, 21 defendem abertamente a ida de Kassab para o PSB. Outros oito congressistas, mesmo declarando estarem em “dúvida”, demonstram simpatia ao democrata.