Saia justa – A presidente Dilma Vana Rousseff desembarcou na manhã desta segunda-feira (11) na China, onde tentará estreitar as relações comerciais entre o Brasil e o maior país da Ásia, mesmo sabendo que o governo local, uma conhecida e truculenta ditadura, ignora de forma contumaz os direitos trabalhistas.
Dilma chega ao país da maior muralha do planeta no momento em que o governo de Hu Jintao limita o acesso à rede mundial de computadores e insiste em manter na prisão alguns dissidentes políticos, como é o caso de Liu Xiaobo, vencedor do Prêmio Nobel da Paz do ano passado e preso desde 2008. A casa da mulher Xiaobo, Liu Xia, está em prisão domiciliar desde dezembro de 2010.
Ainda não se sabe como Dilma Rousseff tratará do assunto com os líderes políticos chineses, mas um recuo da neopetista, ou até mesmo um discurso morno sobre o tema, poderá colocar por terra a tentativa sistemática da esquerda brasileira de promover uma caça aos personagens da ditadura militar verde-loura, como se a Lei de Anistia tivesse sido criada apenas para salvar a pele daqueles que mataram a esmo sob o manto da liberdade democrática. Não se trata, em hipótese de alguma, de defender o autoritarismo que marcou a era plúmbea brasileira, mas de exigir isonomia no eventual julgamento dos que participaram do mais negro período da história política nacional.
Há no universo esquerdista do País o péssimo hábito de considerar como violação dos direitos humanos os atos covardes cometidos pela direita. O melhor exemplo desse cenário foi representado pelo messiânico Luiz Inácio da Silva, que durante visita a Havana não apenas deixou de criticar a prisão seguida de morte do dissidente cubano Orlando Zapata Tamayo, mas endossou a tirania local e comparou os que fazem oposição à ditadura dos irmãos Raúl e Fidel Castro aos integrantes das facções criminosas presos no sistema penal paulista. (Foto: AFP)