Camisa de força – Para enfrentar a pressão da classe trabalhadora, que durante semanas a fio exigiu um aumento maior para o salário mínimo, que atualmente vale míseros R$ 545, Dilma Rousseff se valeu não apenas da sua obediente e sempre genuflexa tropa de choque no Congresso Nacional, que sepultou as propostas oposicionistas de majoração do suado soldo do brasileiro comum, mas de promessas absurdas que impactarão na economia e farão com que a inflação, ainda resistente, continue a zombar das autoridades e do País.
Uma das promessas palacianas foi reajustar o salário mínimo nos próximos anos com base em uma fórmula que mescla a inflação com o crescimento do Produto Interno Bruto. O que se dará por decreto presidencial, o que nos remete à plúmbea era tupiniquim. Em outras palavras, o Planalto cometeu a asneira de indexar o aumento do salário mínimo, algo condenado por nove entre dez economistas. Tudo isso aconteceu porque Luiz Inácio da Silva, que chegou ao poder central nos braços dos trabalhadores, simplesmente traiu aqueles que o elegeram.
A mais recente prova de que Lula da Silva foi um gazeteiro irresponsável e de que o espólio recebido por Dilma Rousseff é um poço de maldições está na seara dos aluguéis. Em São Paulo, nos últimos doze meses o reajuste dos aluguéis foi de 15,25%. Como se a economia brasileira fosse estável e proprietários e inquilinos desconhecessem o significado de livre negociação, o governo federal determinou que o reajuste dos aluguéis deve ocorrer com base no IGP-M, que no último ano ficou me 10,95%.
Tal cenário mostra aos mais atentos alguns detalhes preocupantes. Quando até a indexação é dragada pela inflação, algo de muito errado há nos obscuros bastidores da verdade.
Ademais, se o reajuste do aluguel ultrapassa o previsto pelas autoridades significa que a oferta está aquém da demanda. O que permite concluir que o programa “Minha Casa, Minha Vida” é o conhecido fiasco de sempre, pois a casa própria continua sendo o sonho de dezenas de milhões de brasileiros.
No campo da futurologia econômica, a indexação de preços é, como têm alertado os jornalistas do ucho.info, um saraivada de tiros no pé e pela culatra – cada um escolhe o que melhor convém –, cenário profano para as estripulias do sempre temido fantasma que é a inflação.
Certa feita, Luiz Inácio da Silva, para zombar da oposição, lançou a frase “nunca antes na história deste país”, mas o bordão acabou entrando para a história nacional como moldura de um falastrão que tropeçou na própria incompetência, que durante anos foi camuflada por uma bolha de virtuosismo que começa a estourar no bolso do brasileiro. (Imagem: Detalhe de obra do artista Romero Brito)