Contratar consultoria não é ilegal, mas atuação de Antonio Palocci foi acintosa e imoral

Par ou ímpar – O que há de ilegal na contratação dos serviços de uma consultoria financeira? Absolutamente nada. De igual modo não fere a lei contratar uma empresa de consultoria de propriedade de um ex-ministro da Fazenda e deputado federal. Ou seja, quem contratou os serviços da “Projeto Consultoria” está livre da acusação de cometimento de crime ou transgressão, desde que o contratante desconheça o modus operandi do contratado.

O problema maior no escândalo que envolve o ministro-chefe da Casa Civil, o petista Antonio Palocci Filho, está nos resultados obtidos ao final da prestação de serviços e a forma como eles foram alcançados. Se na obtenção dos resultados existiu algum tipo de tráfico de influência ou ação correlata é possível se pensar em fazer acusações. Por enquanto, o único que está na alça de mira das autoridades e da opinião pública é o próprio Palocci, que se recusa a dar explicações sobre a meteórica e milionária evolução de seu patrimônio em apenas quatro anos.

Há dias, alguns veículos de comunicação, incluso o ucho.info, divulgaram uma lista com os nomes de alguns dos possíveis clientes da empresa do ministro petista, o que não significa que as contratantes devam ser penalizadas por isso. É o caso da Royal Caribbean, cuja assessora de imprensa telefonou para a redação e negou qualquer vínculo entre a empresa de transatlânticos e a consultoria de Palocci Filho.

No caso de a Royal Caribbean, como outras tantas outras empresas, ter contratado os serviços de uma consultoria não configura ilegalidade, mesmo que o contratante tenha se dedicado ao lobby, algo ainda não legalizado no Brasil, mas cuja prática não configura crime. Mas o fato de a consultoria ser de propriedade de um ex-ministro, que à época dos fatos exercia mandato de deputado federal, pode complicar ainda mais a situação do chefe da Casa Civil, que ainda não foi ejetado do cargo porque sua saída provocaria sérios prejuízos político à presidente Dilma Rousseff. A responsabilidade maior, para não afirmar que é total, recai sobre Antonio Palocci Filho, que pode ter se valido do tráfico de influência para solucionar as questões de seus clientes.

Acontece que o silêncio de Dilma Rousseff, que até agora não comentou o caso – seja porque o escândalo é maior do que se imagina, seja porque a presidente não tem a habilidade e a persuasão de seu antecessor – e a resistência de Palocci em dar as devidas e necessárias explicações levam a crer que há algo de muito errado por trás da cortina de fumaça que o PT insiste em manter no ar.