Com o limite prestes a ser elevado, dívida pública dos EUA cresceu por causa de gastos com guerras

(Foto: Carolyn Kaster - AP)
Sem fronteiras – O acordo para a elevação do teto da dívida pública norte-americana, anunciado na noite de domingo (31) pelo presidente Barack H. Obama, será votado ainda nesta segunda-feira (1) no Senado, onda a maioria é democrata, e, em seguida, na Câmara dos Representantes, liderada pelos republicanos. Em tese não há como o acordo malograr, mas é importante analisar suas causas e efeitos.

De início o acordo, se aprovado, liberará ao governo dos EUA nada menos que US$ 400 bilhões, dinheiro necessário para o Tesouro local honrar os compromissos oficiais e a Casa Branca investir em diversos setores, como educação, infraestrutura e previdência social.

O plano, referendado pelos líderes partidários nas últimas horas do domingo, mostra que nem tudo está solucionado. Sem um candidato à altura para enfrentar Barack Obama, que em 2012 tentará a reeleição, os republicanos exigiram cortes no orçamento ianque, muitos deles na área social, o que foi descartado pela Casa Branca. A esperança republicana está na possibilidade de, já em 2012, uma nova tentativa de aumento da dívida coloque Obama em situação de dificuldade política.

Se isso de fato ocorrer, ou seja, uma pressão republicana para sufocar politicamente o presidente norte-americano, Barack Obama terá duas armas sobre a escrivaninha. A primeira delas, no âmbito legal, será apelar para a 14ª emenda da Constituição dos Estados Unidos, que dá ao presidente o poder de elevar a dívida pública caso o país se encontre em situação de pré-calote, como noticiamos na edição extra do último domingo.

A segunda, na seara política, será mostrar aos eleitores os reais motivos que levaram a dívida estadunidense alcançar a incrível marca de US$ 14,3 trilhões. Sob as bênçãos dos republicanos Richard Nixon, George Herbert Wlaker Bush (o pai) e George Walker Bush (o filho), a dívida do país aumentou assustadoramente por causa das guerras em que o país se envolveu e também pelos investimentos na indústria bélica.

Interromper os absurdos investimentos em ações militares belicosas é algo necessário, mas que não se faz da noite para o dia, pois o envolvimento de vários setores da economia na guerra pode gerar um colapso em cadeia no caso de interrupção repentina. Os investimentos bélicos dos Estados Unidos foram minimizados durante a passagem do democrata Bill Clinton pela Casa Branca, mas quando Obama decidiu minimizar a participação dos EUA em guerras pelo mundo afora a parcela conservadora da sociedade norte-americana, que dá sustentação aos republicanos, chiou.

É aquela velha história da coerência, diuturnamente necessária em qualquer segmento do cotidiano, mas que na seara da política, seja ela nacional ou estrangeira, não passa de um objeto estranho.