Total incoerência –
Da mesma forma que o senador José Sarney não soube durante um longo período que estava recebendo R$ 3,8 mil mensais a título de auxílio-moradia, o presidente do Senado e criador e presidente de honra da Fundação José Sarney nunca teve a oportunidade de tomar conhecimento das transgressões contábeis da entidade com a estatal Petrobras.
Pelo menos é nessa tese que se baseia a representação do líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), protocolada nesta sexta-feira na Procuradoria-Geral da República com o pedido de que seja investigado o diretor da Fundação, Raimundo Nonato Quintiliano Pereira Filho, em razão das denúncias do suposto desvio recursos de um convênio de R$ 1,3 milhão da Petrobras com a entidade.
José Sarney não teve seu nome incluso no documento apresentado por Virgílio, que esclarece que “os advogados acharam melhor não citar o presidente [do Senado] por uma questão jurídica. Mas se restar comprovada a participação de Sarney, ele será incluído, porque nós pedimos que o procurador-geral apure a materialidade e a autoria de todos os envolvidos em irregularidades”.
A representação do líder tucano se baseia no artigo 312 do Código Penal Brasileiro, sobre crimes de peculato, além de aludir a possível formação de quadrilha, crime previsto no artigo 288 do mesmo Código Penal.
Mas se para a Procuradoria-Geral o nome de Sarney foi ocultado do documento de Virgílio, o mesmo não aconteceu com o Conselho de Ética do Senado, no qual a representação de Virgilio também foi protocolada, mas com o nome do presidente da Casa no lugar do diretor da Fundação. O pedido do senador é que se inicie um processo disciplinar contra Sarney por quebra de decoro.