Ele não sabia – Lançado na última terça-feira (2) em concorrida cerimônia no Palácio do Planalto, o plano “Brasil Maior”, que em tese busca defender a indústria nacional da concorrência alimentada pelos produtos estrangeiros, pode ter chegado com certo atraso.
No rol de convidados que foram a Brasília para acompanhar o lançamento do “Brasil Maior”, nove entre dez empresários foram uníssonos quando o assunto era a desindustrialização do País. Há anos, o Brasil, que tem se destacado no comércio internacional como grande exportador de matérias-primas, vem sofrendo um lento e contínuo processo de mudança, no qual a prestação de serviços passou a avançar sobre o espaço que antes era exclusivo da indústria.
Diante desse cenário, os empresários reduziram os investimentos nos próprios negócios, o que fez com que o parque industrial brasileiro deixasse de ser competitivo por si só e ficasse aquém da demanda interna que surgiu na esteira das medidas adotadas por Luiz Inácio da Silva para minimizar os efeitos da crise financeira internacional, a partir de 2008.
O “Brasil Maior”, que chegou a contrapor a presidente Dilma Rousseff e o ministro Guido Mantega (Fazenda), está muito mais para cortina de fumaça de um governo que ainda não mostro a que veio do que um incentivo inusitado à indústria nacional.
Falar em desindustrialização no atual momento, como fazem alguns integrantes do governo federal, soa como discurso de quem se perdeu na linha do tempo, pois não é de hoje que os ocupantes do Palácio do Planalto são alertados sobre o assunto.
Convidado para assumir, em outubro de 2007, na condição de ministro de Estado, a Secretaria de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger alertou o então presidente Lula sobre o preocupante momento que à época a indústria brasileira já enfrentava. O comunicado foi feito enquanto Mangabeira estava à frente da Secretaria de Planejamento de Longo Prazo (junho a outubro de 2007). Tanto é verdade, que meses antes Mangabeira se debruçou sobre um estudo cujo título era “Estaria o Brasil enfrentando o fenômeno da desindustrialização?”. Naquela ocasião, o Brasil já enfrentava o fenômeno desindustrialização, agora mais perigoso e complexo. Na ocasião, o ucho.info noticiou largamente a preocupação do professor da Harvard Univesrsity.
Não foi por falta de aviso que a penúria que a indústria ora enfrenta fosse evitada. Reverter o quadro atual não será tarefa das mais fáceis, pois o pirotécnico “Brasil Maior” é muito pouco para colocar o parque industrial do País em grau de competitividade com os chineses predadores, que na opinião de Lula operam uma economia de mercado.