Jobim força a sua saída do governo, mas não erra ao questionar a competência de Ideli e Gleisi

Forçando a barra – O ministro da Defesa, Nelson Jobim, deu um novo passo para sacramentar a sua saída do governo de Dilma Rousseff. Desta vez, em entrevista à revista Piauí, Jobim afirmou que a ministra Ideli Salvatti é “fraquinha” e que Gleisi Hoffmann, chefe da Casa Civil, “nem se quer conhece Brasília”.

Enquanto a polêmica ganha a Esplanada dos Ministérios, a ministra Ideli disse que as declarações “eram desnecessárias”. “Para um ministro da Defesa, Jobim está indo muito para o ataque”, disse responsável pela Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, de acordo com seus assessores. Já a ministra Gleisi Hoffmann preferiu não responder às divagações de Jobim e se resumiu a afirmar que a declaração era “irrelevante”.

Por sua vez, a assessoria do ministro da Defesa alegou que não poder afirmar qual o contexto das críticas. A edição da revista “Piauí” que traz a entrevista de Jobim chegará às bancas na sexta-feira (4). Nelson Jobim está em missão na cidade amazonense de Tabatinga, com retorno previsto à capital federal para nesta noite. Lá assina plano de vigilância de fronteiras, acompanhado pelo vice-presidente Michel Temer (PMDB).

A saída de Jobim é dada como certa desde a semana passada pelo ucho.info. Dilma corre contra o tempo para encontrar o substituto e, simultaneamente, dar um basta às demonstrações “indiretas” de descontentamento de Jobim. As pretensões políticas do ministro passam obrigatoriamente pela candidatura ao Planalto em 2014. As próximas movimentações de Nelson Jobim fora do governo serão indicativas de seu futuro político.

Para quem conhece os meandros do poder, as recentes declarações de Nelson Jobim sinalizam de maneira clara e irrefutável o seu desejo de deixar o comando do Ministério da Defesa, onde permaneceu por causa de um pedido de Luiz Inácio da Silva à sua sucessora. É fato que Jobim está atropelando a lógica e o bom senso ao forçar sua demissão, mas em nenhum momento, no caso das duas ministras, o titular da Defesa faltou com a verdade.

Ideli Salvatti, em sua passagem pelo Senado Federal, notabilizou-se pela forma truculenta e ditatorial como sempre tratou dos interesses do governo na Casa e com a postura nada diplomática com enfrentava os senadores. Míope quando estava a defender um interesse palaciano, Ideli jamais mediu consequências para alcançar seus objetivos e cumprir as ordens então disparadas por Lula da Silva.

Em relação à paranaense Gleisi Hoffmann, o ministro Nelson Jobim tem razão ao questionar a capacidade de gestão da atual chefe da Casa Civil, que em tempos não tão distantes abrigou o agora cassado José Dirceu de Oliveira e Silva, que na tarefa de ter o governo “nas mãos” só perdeu para Golbery do Couto e Silva.