(*) Vicente Nunes, do Blog do Vicente –
Que a América Latina está vivendo um ótimo momento – com raríssimas exceções, como a Venezuela -, ninguém duvida. Mas é bom não ficar deitado em berço esplêndido e ser complacente em tempos de crise na Europa e Estados Unidos. O conselho é do presidente da Corporação Andina de Fomento (CAF), Enrique García, que emenda; “Precisamos nos concentrar nos grandes desafios para o desenvolvimento regional”.
Para Enrique García, que participa do seminário sobre “Os desafios presentes e futuros da América Latina”, organizado pela CAF e pelo Instituto de Ciências Políticas de Paris, a região está na direção correta, já que os governos locais não se assustaram com a situação preocupante da Europa dos EUA. Mas é bom não descuidar nem se deixar contaminar pela soberba. “Se a crise global piorar, ela afetará todo o mundo”.
O presidente da CAF ressalta que a América Latina detém hoje importantes reservas internacionais — somente o Brasil dispõe de US$ 353 bilhões — e se recuperou rapidamente da crise de 2008, com crescimento econômico de 6% no ano passado e em torno de 4% neste ano. “Mas a região não se pode dar por satisfeita com esse ritmo mais fraco. O grande desafio da América Latina é manter o seu crescimento acima de 5% ao ano”, diz. Para isso, a saída é investir pelo menos 25% de seu Produto Interno Bruto (PIB) em dois setores frágeis: infraestrutura e educação, que requerem políticas de Estado.
O recado vale, principalmente, para o Brasil. Em vez de cortar gastos com pessoal, o país está retendo os desembolsos produtivos. Um erro mortal.