Voltando no tempo – Como sempre acontece quando escândalos afetam o mundo político, partidos são obrigados a sair em defesa dos apaniguados que ocupam cargos na máquina estatal, sob pena de a legenda ser levado de roldão pelo cipoal de acusações. E no caso do PCdoB a situação não é diferente. Depois que a revista Veja trouxe, em sua mais recente edição, graves acusações contra Orlando Silva Jr., ministro do Esporte, coube ao PCdoB defender seu representante na Esplanada dos Ministérios.
Depois de muitas idas e vindas desde que a semanal publicação chegou às bancas, o PCdoB, oficial e oficiosamente, reconheceu que as chamadas organizações não governamentais há muito estão à sombra das suspeitas. As acusações contra Orlando Silva foram feitas pelo policial militar João Dias, responsável por duas ONGs beneficiadas com recursos oficiais do Ministério do Esporte. Dias, que juntamente com a esposa chegou a ser preso no início das investigações, garante que pagou propina ao ministro, por conta da liberação de recursos do programa “Segundo Tempo”.
Pois bem, transferir a responsabilidade a terceiros é o que a sociedade brasileira esperava do PCdoB, mas é preciso lembrar que o partido não tem moral para atacar as ONGs. Senador pelo PCdoB do Ceará eobediente cumpridor das ordens palacianas, em especial na era de Luiz Inácio da Silva, o comunista Inácio Arruda fez o impossível para sepultar a CPI das ONGs, proposta pelo então senador Heráclito Fortes (DEM-PI).
A CPI, que durante três anos consumiu dinheiro público para investigar o repasse de verbas federais a organizações não governamentais, resultou em um vergonhoso relatório de 1.478 páginas. Com a aquiescência da então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, o senador Inácio Arruda foi orientado pela assessoria presidencial para postergar ao máximo a produção do relatório. Enquanto as investigações eram impedidas pela tropa de choque do governo, Arruda deixou a relatoria da CPI das Ongs para integrar a Comissão que investigaria a Petrobras. Dias depois, Arruda retomou o status de relator da CPI das Ongs, sendo que a Comissão que deveria investigar a estatal petrolífera não foi instalada por conta de manobra da base aliada.
Até então não surgiram provas contra Orlando Silva Jr., mas por muito menos o brasileiro viu a derrocada de políticos influentes e poderosos, como foi o caso do então presidente Fernando Collor de Mello, que caiu por conta de um Fiat Elba. Esse emaranhado que domina os bastidores do mais novo escândalo do governo de Dilma Rousseff dificilmente terminará com punições exemplares, pois uma intifada no PCdoB poderia escancarar as imundas coxias da era do messiânico Lula da Silva.