PIB abaixo de 4% – A economia brasileira tem e recuperado rapidamente da crise econômica global, mas reformas mais amplas são necessárias para estimular o crescimento no longo prazo, dinamizar os investimentos e reduzir ainda mais a pobreza. É o que sugere o mais recente estudo econômico realizado pela Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico sobre o Brasil.
O relatório prevê que o crescimento do PIB ficará abaixo de 4% nos próximos dois anos, um índice inferior às taxas pressupostas de 4,5%, mas bem acima da media dos países da OCDE.
Refrear a inflação, situada atualmente acima da parte superior do intervalo de 1,5 a 6,5% fixado pelo Brasil, sem exercer tensões inflacionistas nas taxas cambiais é o desafio macroeconômico mais imediato.
“Políticas judiciosas têm ajudado o Brasil a enfrentar a crise financeira global, mas o que é ainda mais notável é o progresso sem precedentes realizado em matéria de metas sociais, incluindo a redução da pobreza e das desigualdades”, disse Angel Gurría, secretário geral da OCDE.
“Acreditamos que o Brasil poderá alcançar, a médio prazo, um crescimento mais elevado e com inclusão ainda mais abrangente, sob a condição de que os decisores políticos enfrentem os mais importantes desafios econômicos, criando uma dinâmica propícia a reformas mais amplas.”
Os cortes em gastos anunciados no início do ano, combinados com a fixação de objetivos de excedentes orçamentários para os próximos três anos, são bem-vindos e o governo deve continuar neste rumo, disse a OCDE. O programa de transferência de renda Bolsa Família tem obtido pleno êxito no combate à pobreza infantil, devendo ser mantido e até mesmo ampliado.
O estudo focaliza a apreciação constante do Real nos últimos anos, o que tem acarretado preocupação relativamente à competitividade no longo prazo. O relatório indica que parte da valorização da moeda tem sido estrutural, e desaconselha esforços com vista a compensar o aumento.
Quanto às perspectivas, o estudo salienta a importância de impulsionar os índices de investimentos, que são baixos, pelos moldes internacionais. A reforma do sistema de aposentadoria e o aprofundamento dos mercados financeiros de longo prazo ajudarão a dinamizar o investimento, da mesma forma que a redução da carga fiscal e políticas voltadas para o alcance de taxas de juros mais baixas.
O Brasil deve dar prioridade aos gastos com infraestrutura, que são fundamentais para o crescimento no longo prazo e a inclusão social, resguardando-os dos cortes governamentais de gastos, assinalou o relatório.