Fim do mundo – Diz o sempre competente jornalista Carlos Brickmann que em tempos de escassez de notícia até castelo de areia na praia vira manchete. Atravessando um período de mesmice nas informações, a imprensa brasileira tem aberto espaço para a cirurgia a que se submeteu o vice-presidente Michel Temer, que tirou a vesícula, e o início do tratamento de radioterapia do ex-presidente Luiz Inácio da Silva. Cirurgias para a retirada de vesícula e sessões de radioterapia acontecem às centenas todos os dias no País, mas a notoriedade de ambos os pacientes faz com que o assunto ganhe destaque na mídia.
A imprensa erra ao dar prioridade ao sensacionalismo, quando, na verdade, deveria cobrar a melhoria do sistema público de saúde, cada vez mais caótica. Vale lembrar que Lula e Michel Temer têm se valido de dois dos melhores hospitais brasileiros – Sírio-Libanês e Oswaldo Cruz, respectivamente.
Enquanto os veículos de comunicação se dedicam a temas pouco importantes, a saúde pública continua cambaleando. Em meados de 2006, quando se preparava para a campanha rumo à reeleição, Lula da Silva afirmou que a saúde no Brasil estava a um passo da perfeição. Diante das inevitáveis evidências, Lula foi obrigado a reconhecer que tudo não passou de mais um espetáculo de mitomania. Tempos depois, o mesmo Lula sugeriu ao presidente norte-americano Barack Obama, que tentava reformular o sistema de saúde dos EUA, a adoção do SUS, que na opinião do ex-presidente brasileiro barata e de qualidade.
Para se ter ideia da perfeição que atingiu a saúde pública brasileira, o SUS paga incríveis R$ 3 por uma consulta médica, que pela estrondosa remuneração não dura mais do que dez minutos.