(*) CicloVivo –
A caça ilegal de botos cor de rosa na Amazônia será alvo de estudos. Os pesquisadores farão um levantamento para mensurar como a pesca do peixe piracatinga, nas cidades de Manacapuru e Beruri, têm afetado as populações de botos.
O trabalho será financiado pela Fundação Boticário, que investiu R$ 30 mil no projeto, e contará com o apoio de especialistas ligados ao Instituto de Pesquisa da Amazônia (Inpa) e à Associação Amigos do Peixe Boi. O motivo principal da pesquisa é o fato de que o boto tem sido alvo de pescadores, que usam a sua carne como isca, já que a piracatinga – também conhecida como douradinha, é atraída por armadilhas feitas com carne de boto.
Segundo os pesquisadores, os próprios frigoríficos têm bancado a pesca na região e assim contribuem para o aumento dos índices de mortalidade dos botos. O principal destino do peixe é a Colômbia, mas além do comércio local, alguns são enviados para São Paulo e para o Nordeste.
O motivo para que os pescadores usem os botos como isca é que cada um deles pode render até uma tonelada de piracatinga. Por causa disso, um estudo divulgado em 2011 mostrou que em dez anos a população de botos na Amazônia foi reduzida pela metade.
A pesquisadora Sannie Brum, da Ampa, explicou que os trabalhos têm como intuito entender este mercado, quanto custa o quilo do pescado e para quem é vendido, para que possam ser encontradas alternativas para evitar a caça dos botos.
“Já temos relatos de que somente nesta área foram mortos em um único dia cerca de 40 botos. A partir da nossa pesquisa, vamos preparar diretrizes para aumentar a fiscalização nessas regiões, mas, principalmente, melhorar a imagem do boto junto às comunidades”, declarou Sannie.