Efeito colateral – Há dias, a presidente Dilma Vana Rousseff cruzou o Atlântico para, na Alemanha, discutir com a chanceler Angela Merkel soluções para crise que atormenta a União Europeia. A mandatária brasileira desembarcou em Hannover com um discurso contra a expansão monetária adotada por alguns países, em especial os europeus, mas em nenhum momento descartou sua aposta no consumo interno como forma de minimizar os efeitos do tormento econômico que chacoalha o Velho Mundo.
A estratégia de Dilma Rousseff repete a do seu antecessor, o petista Luiz Inácio da Silva, que em 2008 se valeu da mesma fórmula para encolher as reticências da crise que nasceu a partir do “subprime” norte-americano.
Se à época da investida de Lula o mercado interno atendeu às expectativas oficiais, sempre a bordo do crédito fácil e do endividamento irresponsável, no caso de Dilma a estratégia pode enfrentar problemas.
Não bastasse o crescimento da inadimplência, a procura por crédito diminuiu nãos últimos meses. De acordo com a Serasa Experian, o Indicador da Demanda do Consumidor por Crédito caiu 8,7%, em fevereiro, comparado a janeiro, e 13,3% em relação ao mesmo mês de 2011. No acumulado dos dois primeiros meses do ano, houve queda de 9,7%, em comparação aos primeiro bimestre do ano passado.
Trata-se da segunda queda mensal seguida. Em janeiro passado, a procura por credito já tinha recuado 8,2%, em comparação com dezembro de 2011. Os índices negativos foram registrados em todas as faixas de renda, principalmente na população mais pobre. Para os que ganham entre R$ 500 e R$ 1 mil mensais, o a queda na procura por crédito foi mais forte (-8,9%). Em seguida, aparecem os que recebem mais de R$ 10 mil mensais (-7,6%).
“Nas classes mais pobres, as pessoas, geralmente, não têm reservas financeiras e têm de separar uma parte do que recebem todo o mês para quitar dívidas e garantir o acesso a novos financiamentos”, declarou o economista Luiz Rabi, da Serasa Experian.
Quando o terremoto econômico começou a se manifestar na chamada “zona do euro”, as autoridades brasileiras afirmaram que o Brasil passaria ao largo da crise. Tempos depois, a própria presidente Dilma Rousseff disse que a saída seria apostar no crescimento do consumo interno. Enquanto profecias sobravam nas cercanias do Palácio do Planalto, a economia crescia apenas 2,7% em 2011.
Com a queda na procura por crédito, o crescimento da economia em 2012 começa a ficar comprometido, principalmente quando consideramos que a previsão dos analistas financeiros para a inflação neste ano é de 5,27%. Para 2013 a previsão para o mais temido fantasma da economia é de 5,5%. Sempre lembrando que o calendário está no meio do terceiro mês do ano.