Caminho contrário – A crise que abala a União Europeia dava seus primeiros passos quando o ministro Guido Mantega, da Fazenda, disse que o Brasil enfrentaria com tenacidade o movimento econômico. Depois foi a vez da presidente Dilma Rousseff, que repetiu as palavras do ministro, afirmar no final de 2011 que o novo ano seria de prosperidade e oportunidades. É verdade que o positivismo sempre atrai bons fluídos, mas contrariar a realidade dos fatos é algo pouco recomendável para um chefe de Estado.
Dilma e Mantega têm o sacro direito de destilar os respectivos pensamentos, mas prosperidade e oportunidades dependem da situação econômica do país. E se a economia não vai bem, a prosperidade e as oportunidades simplesmente saem de cena.
Na parcial de 2012, até o dia 18 de março, a balança comercial brasileira registrou superávit (exportações menos importações) de US$ 1,15 bilhão, de acordo com dados divulgados nesta segunda-feira (19) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Esse número representa queda de 50,6% no resultado da balança comercial, em relação ao mesmo período do ano passado, quando o saldo positivo somou US$ 2,33 bilhões.
No acumulado do ano, as exportações registraram US$ 45,6 bilhões, com média diária de US$ 860 milhões, ao passo que as importações totalizaram US$ 44,45 bilhões (média de US$ 838 milhões por dia útil). Em comparação com o mesmo período de 2011, as exportações tiveram alta de 6,4% e as importações avançaram 9,7%, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento.
Se no ano passado os números da balança comercial ainda eram animadores, em 2012 a situação deve ser diferente, segundo analistas do mercado financeiro, que apostam em superávit de US$ 19 bilhões, ou seja, queda acentuada. Já o Banco Central prefere manter o otimismo e aposta em superávit da balança comercial na casa de US$ 23 bilhões. Mesmo assim, esse número é inferior aos registrados em 2008 e 2009, quando o saldo comercial foi de US$ 24,95 bilhões e US$ 25,27 bilhões, respectivamente.
Essa conjunção de números e situações mostra que a bolha virtuosismo vendida por Lula aos incautos brasileiros e ao mundo começa a estourar muito antes do previsto. E como sempre acontece, o estrago desse ufanismo desnecessário acabará no bolso do contribuinte, pois a soberba que reina nos bastidores palacianos exige a manutenção das aparências.