Conversa fiada – Na iminência de ver muitos filiados ao partido serem condenados no caso do mensalão, o PT deflagrou uma estratégia para tentar minimizar a culpa dos investigados pelo Supremo Tribunal Federal. No último dia 2 de março, a defesa do ex-presidente da legenda, José Genoino, anexou aos autos do processo um documento que afirma que o milionário empréstimo contraído junto ao Banco Rural foi devidamente quitado. O ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, também é signatário do documento.
A alegação apresentada é que o empréstimo foi lícito e foi contraído para saldar dívidas de campanha de aliados em 2002. O objetivo dessa manobra é livrar os acusados, petistas e diretores do Banco Rural, das acusações de formação de quadrilha, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta.
A tese sustentada pelos advogados dos petistas é inconsistente, pois o PT pagou parte dos honorários do marqueteiro Duda Mendonça, pelos serviços prestados à campanha de Luiz Inácio da Silva, através de depósito em conta bancária no exterior, registrada em nome da empresa offshore “Düsseldorf”. Em depoimento à CPI dos Correios, em 2005, Duda Mendonça confirmou ter recebido do PT dinheiro em paraíso fiscal.
Esse expediente, que fere a legislação eleitoral, era motivo suficiente para um pedido de impeachment de Lula da Silva, mas os partidos da oposição embarcaram no discurso da governabilidade, enquanto o senador José Sarney agia nos bastidores em prol do ex-metalúrgico.
A ideia dos empréstimos no Banco Rural e no BMG foi a forma que o PT encontrou para internar o dinheiro de propina arrecadado em diversas prefeituras, principalmente na de Santo André, e depositado em contas bancárias em paraísos fiscais. O caso da morte do ex-prefeito Celso Daniel e o escândalo que ficou nacionalmente conhecido como “Mensalão do PT” se cruzam exatamente nesse ponto. Um aprofundamento das investigações coloca por terra o falso moralismo exalado à exaustão por alguns integrantes do partido.
