Fervura alta – O Supremo Tribunal Federal (STF) designou o ministro Ricardo Lewandowski como relator do pedido feito pela Procuradoria Geral da República para que seja aberta investigação sobre a ligação do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) e outros dois deputados federais – Sandes Júnior (PP-GO) e Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) – com Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, acusado de chefiar uma quadrilha de jogo ilegal.
Cachoeira foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que com autorização da Justiça monitorou conversas telefônicas entre o bicheiro e Demóstenes. Em um dos trezentos telefonemas trocados entre ambos, o senador goiano pede a Cachoeira que pague uma conta sua no valor de R$ 3 mil, referente à locação de aeronave.
O procurador-geral Roberto Gurgel explicou que o pedido de abertura de inquérito está embasado na análise de dez meses de interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal. “Considerei [as gravações] graves o suficiente para que houvesse o pedido de instauração de inquérito. É um volume muito grande de interceptações telefônicas e de um período bastante longo”, declarou Gurgel.
A tendência é que o Supremo aceite o pedido formulado pela Procuradoria Geral da República, o que facilitará a defesa dos acusados e será extremamente benéfico à democracia. Demóstenes Torres, que renunciou à liderança do Democratas no Senado Federal, reitera sua amizade com o contraventor Carlinhos Cachoeira e nega qualquer envolvimento com o jogo ilegal. O advogado do parlamentar, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, afirma que seu cliente mantém a amizade com o bicheiro por questão de caráter e que desconhecia as atividades do mesmo.
Expulsão a caminho
O presidente do Democratas, senador José Agripino Maia (RN), já sinalizou que a legenda não terá problema algum para expulsar Demóstenes se ficarem comprovadas as denúncias feitas a partir das provas colhidas pela Polícia Federal. “Um partido com a história do Democratas, que já fez o que já fez, chegando a expulsão de um governador [José Arruda, do DF] tem moral para dizer que vai fazer o que outros partidos não fizeram […] O partido já esteve em circunstância preocupante, e teve um posicionamento claríssimo, e não vai hesitar em nenhum momento em repetir a dose [expulsão] se as evidências se mostrarem iguais”, disse o potiguar Agripino.
Renúncia na pauta
No Senado a situação de Demóstenes Torres torna-se mais difícil a cada hora. Após a Procuradoria Geral da República confirmar o pedido de abertura de inquérito no Supremo, o líder do PSOL no Senado, Randolfe Rodrigues (AP), defendeu a renúncia de Demóstenes ao cargo. “Claramente, me parece que não tem mais condições para o senador Demóstenes aqui no âmbito do Senado Federal. Eu, se fosse o senador Demóstenes, acho que a única alternativa que restaria neste momento seria a renúncia”, disse Rodrigues.
O líder do PSol afirmou que na manhã desta quarta-feira (28) o partido ingressaria com representação no Conselho de Ética do Senado contra Demóstenes por quebra de decoro parlamentar. “Diante da decisão do procurador, torna-se inevitável uma representação por quebra de decoro parlamentar”, afirmou Randolfe Rodrigues.
É importante destacar que o Conselho de Ética do Senado é presidido, interinamente, pelo senador Jaime Campos, do Democratas de Mato Grosso.
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