Virou baderna – Não é de hoje que o Congresso Nacional é açoitado por uma lufada de descrédito, que tornou-se mais intensa com a corrupção e a permissividade que marcaram a era de Luiz Inácio da Silva, o messiânico Lula. Sempre dispostos a achincalhar o parlamento brasileiro, pois confiam cada vez mais na tese de que o fim justifica os meios, petistas nem de longe sabem o que significa uma Casa legislativa. Entendem, sim, que o parlamento é um balcão de negócio sempre pronto a favorecer apaniguados e a abafar escândalos protagonizados por “companheiros”.
Não bastasse os pífios espetáculos encenados pelo senador Eduardo Suplicy, a política agora descobre mais um gazeteiro com vocação teatral. No momento em que o Senado Federal é mais uma vez tomado por um imbróglio que arremessa a política nacional ao rés do chão, o senador Aníbal Diniz, do PT do Acre, encontrou espaço em seu discurso no plenário, proferido na tarde de quarta-feira (4), para homenagear a própria esposa, que fazia aniversário. Primeiro suplente do então senador Tião Viana, também do PT, que renunciou ao mandato para governar o Acre, uma espécie de feudo da família Viana, Aníbal Diniz é um abusado, pois sua esposa é uma ilustre desconhecida do povo brasileiro e seu aniversário interessa a ninguém.
Mesmo assim, Aníbal Diniz se derreteu na tribuna do Senado ao ler o “Soneto da Fidelidade” (De tudo ao meu amor serei atento / Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto / Que mesmo em face do maior encanto / Dele se encante mais meu pensamento…), de Vinícius de Moraes. Fidelidade, pois, que o PT há muito não cultiva em relação ao discurso do passado, quando colocava os corruptos na vala comum que hoje frequenta com largueza e intimidade.
É preciso que alguém explique a esse representante do Acre, estado que vive às voltas com as cheias dos rios, que o Congresso Nacional não é um coreto de praça de cidadezinha do interior, onde os apaixonados flertavam suas cobiçadas à sombra do casto trottoir do amor. Até porque, o contribuinte brasileiro não madruga para ver o seu suado dinheiro se transformar em declarações de amor, enquanto o País continua rebocado por suas mazelas.
Considerando que, assim como qualquer senador ou deputado federal, Aníbal Diniz custa mensalmente aos cofres públicos a bagatela de R$ 130 mil, certo estava o então presidente Lula quando lançou o bordão “nunca antes na história deste país”.