Força total – A leitura do requerimento para a criação da CPI do Cachoeira será feita amanhã, pela vice-presidente do Congresso Nacional, deputada Rose de Freitas (PMDB-ES). Com a licença médica de quinze dias do senador José Sarney (PMDB-AP), caberá à parlamentar capixaba cumprir o regimento e oficializar a criação da Comissão que em tese terá a missão de investigar as relações políticas e empresariais do contraventor goiano Carlos Augusto Ramos, preso em 29 de fevereiro durante a Operação Monte Carlo, da Polícia Federal.
É importante destacar que a criação da CPI não garante uma investigação isenta e profunda, pois políticos de diversos partidos têm algum tipo de envolvimento com Cachoeira. Primeira vítima do esquema de corrupção que está sendo considerado como o maior da história do País, Demóstenes Torres não pode ser levado ao patíbulo da culpa sozinho. De chofre o Palácio do Planalto tentou inviabilizar a criação da CPI, mas diante da pressão popular e da disposição dos partidos de oposição acabou desistindo da ideia.
A sociedade deve continuar firme e presente em relação às cobranças, pois qualquer cochilo poderá beneficiar um ou outro político, uma vez que o rolo compressor do governo da presidente Dilma Rousseff já está devidamente estacionado no Congresso Nacional, à espera de uma ordem palaciana para entrar em ação.
Além do Democratas, que preferiu não poupar Demóstenes Torres, dois políticos de destaque podem ficar à deriva nesse maremoto em que se transformou o caso Carlinhos Cachoeira. Os governadores Marconi Perilo (GO) e Agnelo Queiroz (DF), cujos partidos, PSDB e PT, respectivamente, já deram sinais de que podem cruzar os braços.
Por maiores que sejam as dificuldades para se conduzir uma Comissão Parlamentar de Inquérito longe dos interesses escusos, o Brasil está diante de uma oportunidade de iniciar um processo de faxina na classe política, que poderá ser muito mais eficiente do que a Lei da Ficha Limpa. O que não se pode é concordar coma tese, que ganha força, de que a entrega de três cabeças “coroadas” seria suficiente para jogar o restante do lamaçal para debaixo do tapete.