Pé no freio – Não faz muito tempo, a presidente Dilma Rousseff, emoldurada por seus ministros da área econômica, anunciou medidas de estímulo à indústria nacional, que há anos vem enfrentando um sério processo de desindustrialização, algo que Luiz Inácio da Silva preferiu ignorar.
As medidas anunciadas por Dilma, ao que parece, não surtiram efeito, pelo menos por enquanto. Os palacianos por certo dirão que é preciso calma, mas no patamar em que se encontra a indústria nacional exigir paciência é algo que não cabe. Ademais, as medidas são pontuais e não solucionam como um todo o problema do setor.
De acordo com dados divulgados nesta quinta-feira (3) pelo Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial recuou 0,5% em março, na comparação com fevereiro. Se comparada com março de 2011, a produção da indústria diminuiu 2,1%.
Professor de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), Emerson Marçal afirma que o resultado está dentro do esperado. “A demanda começou a cair, ou seja, os consumidores passaram a gastar menos e a apreciação do câmbio, que provocou uma maior concorrência com os produtos importados, foram os principais motivos que desencadearam essa queda”.
Na opinião do professor da FGV, para os próximos dois meses a tendência é de queda. “Os efeitos dos cortes de juros realizados pelo Banco Central podem gerar efeitos positivos sobre a atividade ao longo do ano. Enquanto isto não ocorrer, a produção industrial pode continuar caindo. Alguns setores industriais podem reduzir ritmo de contratações ou até mesmo demitirem”, declarou.
Marçal destaca que o resultado negativo não deve afetar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB). “A indústria contribui com uma parte pequena do PIB, por isso, o resultado agregado sofre influencia pequena da indústria e o PIB deve apresentar um crescimento maior do que a indústria”, disse o economista.
A produção industrial deve fechar o ano com um crescimento tímido. “No final do ano, com os efeitos das reduções de juros sendo sentidos, a indústria pode crescer na casa de 1%. Os estímulos via crédito podem fazer com que algumas categorias de bens duráveis venham a reagir como o setor automobilístico, por exemplo”, finaliza Marçal.