Perigo sobre duas rodas – Elaborado pelo sociólogo Júlio Jacobo, do Instituto Sangari, o “Mapa da Violência no Brasil” aponta que em cada três acidentes de trânsito, registrados pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) em 2010, um envolveu motociclistas.
De acordo com o sociólogo, a tendência é de o número de mortes envolvendo motociclistas continuar crescendo e de forma acelerada, situação decorrente da facilidade de crédito para comprar uma moto e a necessidade dos cidadãos de se locomoverem com rapidez e baixo custo. “Não estou negando que é uma necessidade imperiosa e funciona em geral”, disse ao lembrar que antes do barateamento e da facilitação do crédito, as motos eram sonho de consumo das classes alta e média alta. “Era um luxo, tinha aquela coisa de guiar para sentir o vento no rosto”, disse.
Jacobo enfatiza que a fiscalização por parte dos órgãos de segurança no trânsito é maior e mais efetiva em relação aos automóveis. “Muitos pardais não fazem a imagem das placas das motos. Começam, agora, a usar um tipo de pardal pistola, mais adequada para captar o movimento desse tipo de veículo”. Na cidade de São Paulo, a prefeitura passou controlar a velocidade das motos com radares manuais, similares aos utilizados para testes com embarcações.
O número de automóveis em circulação mais que dobrou (118%) na última década, enquanto as mortes em acidentes envolvendo os ocupantes desse tipo de veículo cresceram 72%. Segundo o estudo realizado por Júlio Jacobo, o risco de morte em automóvel caiu 46 pontos porcentuais no período.
Jacobo sugere que o Estado deve melhorar a estrutura viária, implantar medidas de segurança, investir em campanhas educacionais focadas na mudança de comportamento e melhorar o atendimento nos pronto-socorros públicos. Segundo o sociólogo, o governo federal e os governos estaduais deveriam trabalhar de forma mais articulada. “A vida não é federal, nem estadual e nem municipal”, ressaltou.
O Instituto Sangari, por meio do documento Mapa da Violência, mostra ainda que de 1998 a 2008 as mortes em acidentes envolvendo motos passaram de 1.047 para 8.939. O levantamento foi feito com base em certidões de óbito de todo o país.
O sociólogo aponta que a vulnerabilidade dos motociclistas é de tal nível que sua letalidade em acidentes chega a ser 14 vezes maior que a dos ocupantes de automóvel. (Com informações da Agência Brasil)