Para Guido Mantega a alta do dólar é boa para a economia do País, mas não vale para a Petrobras

Discurso ambíguo – Ministro da Fazenda e alvo de chistes nos bastidores do mercado financeiro, o petista Guido Mantega dedicará esta terça-feira (15) para comandar a reunião do conselho de administração da Petrobras, que acontece em Brasília. Antes do compromisso, Mantega garantiu que a petrolífera não promoverá aumento de preço dos combustíveis, pelo menos por enquanto.

A fala de Mantega contraria declarações da presidente da empresa, Maria das Graças Foster, que em abril anunciou que a Petrobras poderá rever os preços dos produtos caso a cotação do petróleo no mercado internacional comprometa as finanças da companhia. “Não tenho como dizer que não vou aumentar combustíveis, porque tenho contas a pagar”, disse a presidente da Petrobras durante audiência pública na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, em abril.

No contraponto do discurso de Foster e ao lado do de Mantega, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) trabalha em suas projeções tendo a manutenção dos preços dos combustíveis nos patamares atuais.

Essa dualidade de opiniões é facilmente explicada com a necessidade de o Palácio do Planalto não perder o controle da inflação, assunto que tem tirado o sono da presidente Dilma Rousseff e seus principais colaboradores. É fato que qualquer ligeiro aumento dos preços dos combustíveis impactaria na inflação, mas o governo não pode ignorar os acionistas minoritários da Petrobras, fazendo com que seus investimentos sejam corridos pela incompetência de governantes ufanistas.

Todavia, as declarações de Guido Mantega são tomadas por dicotomia conhecida, pois na segunda-feira (14) ele próprio afirmou que a alta do dólar beneficiaria a economia brasileira, o que é uma sonora inverdade, mas essa mesma valorização da moeda norte-americana não vale para a Petrobras. Esse filme já é conhecido e o final não é dos melhores. O mais estranho é que mesmo com ações atabalhoadas Mantega continua ministro.