Face lenhosa – Tão logo foi aprovada a criação da CPI do Cachoeira, o ucho.info afirmou que a Comissão criada inicialmente para investigar a teia de relacionamentos do contraventor Carlos Augusto Ramos tinha tudo para dar em nada. Por mais que o paradoxo se destaque nessa afirmação, a realidade é essa. Como se não bastasse a blindagem patrocinada pela base aliada, que prefere não ver o aprofundamento das investigações, pois figuras ilustres cairiam à sombra de Cachoeira, a presidência da Comissão está entregue ao senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), que acredita ser o Brasil um vasto picadeiro.
Enquanto posa de vestal no comando da CPI, Vital do Rêgo foge das explicações sobre o escândalo da funcionária fantasma Maria Eduarda Lucena dos Santos, que consta como integrante da equipe do parlamentar paraibano.
Com 54 funcionários à disposição – 21 no gabinete do Senado Federal e 33 no escritório político em João Pessoa – Vital do Rêgo se limitou a dizer que solicitou uma sindicância para esclarecer os fatos. Ora, não há mais o que esclarecer, pois a própria Maria Eduarda admitiu que o viés fictício de seu emprego dá guarida ao pagamento que o senador faz ao seu pai, que presta serviços de assessoria de imprensa ao parlamentar.
Com esse tipo de conduta, Vital do Rêgo não ostenta cabedal para presidir uma Comissão que tem com objetivo investigar e sugerir às autoridades competentes o indiciamento daqueles que cometeram transgressões e ultrapassaram os limites da lei.
O mais estranho é que os demais senadores simplesmente se calaram diante da pífia resposta de Vital do Rêgo, que por certo não tomará qualquer providência mais drástica, pois se assim o fizesse atiraria no próprio pé. O senador paraibano aposta não apenas na impunidade e na complacência de seus pares, mas também e principalmente na possibilidade de o assunto cair no esquecimento.
Fosse o Brasil um país minimamente sério, Vital do Rêgo já teria perdido o mandato, sem direito a qualquer contestação. Contudo, nessa terra sem lei tudo vale aos que instalados estão no poder. Enquanto o brasileiro assistir calado a esse espetáculo, o País andará na contramão da democracia.