Dinheiro a rodo – Que o a política é um reduto exclusivo de alarifes todos sabem, mas o deboche usado por alguns políticos chega a nausear. É o caso do presidente da Câmara dos Deputados, o petista gaúcho Marco Maia, que na terça-feira (26) confirmou que a Casa aumentará, a partir de 1º de julho, a verba de gabinete dos parlamentares, atualmente fixada em R$ 60 mil. O recurso, que corresponde a 96,5 salários mínimos, serve para os parlamentares pagarem os funcionários dos gabinetes ou dos escritórios políticos nos estados. De acordo com o regimento interno da Câmara, cada deputado pode contratar de cinco a 25 secretários parlamentares, cujos salários variam de R$ 622 a R$ 8.040 mensais.
Questionado pelos jornalistas sobre o mencionado reajuste, Maia apelou à ironia. “Deem a manchete com letras garrafais: a Câmara vai conceder reajuste para os servidores do gabinete. Já disse isso lá atrás”. O parlamentar gaúcho não informou o percentual de aumento que será concedido.
O presidente da Câmara destacou que o Palácio do Planalto concedeu crédito suplementar para o reajuste no final de 2011. “A presidenta Dilma, atendendo a um pedido feito por nós, lá no final do ano passado, concedeu crédito suplementar para a folha de pagamento no valor de R$ 150 milhões para a concessão desse reajuste”.
O aumento da verba de gabinete é uma antiga reivindicação dos deputados, que alegam que seus funcionários não concursados que prestam serviços aos gabinetes estão há quase cinco anos sem reajuste. A aprovação do aumento é um ato da Mesa Diretora da Casa.
É importante que cada cidadão saiba que cada parlamentar – deputado ou senador – custa mensalmente cerca de R$ 130 mil, inclusos nesse valor seu salário, passagens, verbas para telefone celular e remessas postais. Fora isso, cada deputado ou senador tem à disposição a chamada verba indenizatória, cuja contabilidade é uma verdadeira catacumba se consideradas as notas suspeitas apresentadas por alguns parlamentares mais espertos.
Há também a verba batizada de auxílio-moradia, muitas vezes utilizada por alguns políticos para pagar o financiamento de imóveis em Brasília, quando deveria ser utilizada para custear a hospedagem do parlamentar que se recusa a utilizar os chamados apartamentos funcionais, totalmente equipados com eletroeletrônicos de última geração e com quase 300 metros quadrados de área útil.
Contudo, bom seria se o custo de cada parlamentar ficasse nesses valores acima descritos, o que raramente acontece. E o motivo é muito simples. Para se eleger à Câmara dos Deputados, por exemplo, um candidato de algum estado do Nordeste e filiado a um partido de média expressão gasta pelo menos R$ 50 por cada voto conquistado nas urnas. Se ao final da apuração o eleito tiver cabalado 150 mil votos, sua campanha, com três meses de duração, terá custado R$ 7,5 milhões. Acontece que ao final dos quatro anos de mandato um deputado federal terá recebido, oficialmente, R$ 1,4 milhão, em valor bruto. E a diferença de R$ 6,1 milhões precisa voltar de alguma forma aos bolsos do eleito ou de seus financiadores.
É importante destacar que até alguns anos atrás o contribuinte custeava o serviço de engraxate aos políticos que frequentam o Congresso Nacional, mordomia que foi banida por iniciativa do ucho.info, que à época foi duramente criticado pelos beneficiários.