Chumbo trocado – Com a aproximação do julgamento do caso do Mensalão do PT, pelo Supremo Tribunal Federal, os acusados de envolvimento no esquema criminoso, que até semanas atrás apostavam no tempo como caminho para a impunidade, já começam a destilar as primeiras pílulas de desespero. Com a fracassada tentativa do Partido dos Trabalhadores de postergar o julgamento do caso, operação que ficou a cargo do ex-presidente Lula, acusações começam a surgir nos bastidores. É o que fez a defesa do marqueteiro Duda Mendonça, que no conjunto de alegações finais entregue aos ministros do STF sugeriu que o publicitário baiano não foi o único a receber em conta bancária no exterior dinheiro do esquema de Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado de ser o principal operador do mensalão.
Durante a CPI dos Correios, em 2005, Duda Mendonça admitiu ter recebido parte dos honorários (R$ 10,5 milhões) da campanha presidencial petista em conta aberta em nome da offshore Düsseldorf, nas Bahamas. À época, os partidos de oposição se movimentaram para protocolar um pedido de impeachment de Luiz Inácio da Silva, o que não prosperou por conta da intervenção de alguns oposicionistas defensores da tese da governabilidade.
A depender do desdobramento das primeiras acusações, a situação não apenas dos mensaleiros poderá se complicar. Como já era sabido, o esquema gerenciado por Marcos Valério foi responsável por financeiramente por muitas despesas do PT e dos primeiros meses do governo Lula, sendo que muitos dos envolvidos sequer foram descobertos e indiciados. Se a possibilidade cada vez mais crescente de condenação de alguns acusados se confirmar, mais lama deve emergir do maior escândalo de corrupção da história política nacional.
Depois do anúncio de que José Dirceu deseja que Delúbio Soares assuma a responsabilidade pelo escândalo, esse novo capítulo mostra que Lula falta com a verdade quando afirma que o Mensalão do PT não existiu e que foi uma fracassada tentativa de golpe por parte da oposição. A primeira prova oficial da existência do escândalo surgiu no acordo feito por Silvio Pereira, o Silvinho “Land Rover”, ex-secretário-geral do PT, que trocou uma eventual condenação por prestação de serviços comunitários. Fora isso, sua decisão deixou evidente que condenações são tecnicamente possíveis.