Rastilho de pólvora – Há pelo menos duas declarações de integrantes da cúpula do PMDB que colocam a República sob alerta. A primeira delas, do ministro Edison Lobão, de Minas e Energia, dá conta que nos próximos dois anos (2013 e 2014) as presidências da Câmara dos Deputados e do Senado federal ficarão com o PMDB. Ou seja, a presidente Dilma Rousseff dependerá ainda do PMDB para chegar ao fim do mandato.
A presidência da Câmara passará às mãos do PMDB por conta de um acordo com o PT, que dificilmente será descumprido. Exceto se o partido receber alguma polpuda compensação por parte do Palácio do Planalto para desistir de comandar a Câmara. No Senado a situação é meramente matemática, pois o PMDB tem maioria na Casa. Como se não bastasse a folga numérica, o PMDB conta com a ajuda do Planalto, que deseja ver Edison Lobão na cadeira atualmente ocupada por José Sarney.
A segunda declaração que agita a Esplanada dos Ministérios partiu de Michel Temer, vice-presidente da República e presidente licenciado do PMDB. Para Temer, a reeleição “não é um conceito absoluto”. Em entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo”, Michel Temer, principal líder da legenda, declarou que tudo pode acontecer na próxima eleição presidencial. “Quem foi bem deve se reeleger. Agora, o que vai acontecer em 2014 está ainda muito distante”, afirmou Temer.
A conjunção de ambas as declarações mostra que de agora em diante a política nacional passará a viver, nos bastidores, uma silenciosa queda de braços, com direito a lances sórdidos e de covardia explícita. Diferentemente do que revelam as pesquisas de opinião, o desempenho de Dilma é fraco e deve piorar em função dos desdobramentos da crise internacional, que no Brasil já vem fazendo estragos consideráveis.
Até o momento, o PMDB não tem nenhum nome de expressão nacional com condições de disputar a sucessão de Dilma Rousseff, caso o partido decida por voo solo em 2014 e a presidente desista de tentar um novo mandato. Por outro lado, não é novidade o desejo de Luiz Inácio da Silva de retornar ao Palácio do Planalto, fato que ele nega ao defender a reeleição de Dilma. Contudo, essas manifestações isoladas de alguns peemedebistas podem ser mais uma missa encomendada, que vez por outra do nada surge no meio político.