Empurrando o problema – Quando assumiu o poder central em janeiro de 2003, o então presidente Luiz Inácio da Silva, ciente de sua incompetência como administrador público, decidiu se antecipar e transferir ao antecessor os futuros fracassos de um governo marcado pela corrupção. Foi então que surgiu a tese da herança maldita, como se Fernando Henrique Cardoso fosse responsável pelas trapalhadas do ufanista Lula.
Apresentada ao eleitorado brasileiro como garantia de continuidade, Dilma Rousseff não pode fazer o mesmo, pois comprometeria o seu padrinho e mentor eleitoral, o companheiro Lula. Sem explicações convincentes para os seguidos tropeços do governo na tentativa de reverter a crise, Dilma tem insistido nos últimos meses em criticar a política monetária de alguns países que encontram dificuldades para retomar o ritmo de suas respectivas economias.
Repetindo o discurso que fez recentemente na ONU, Dilma abriu a reunião da 3ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo América do Sul–Países Árabes (Aspa), em Lima, capital do Peru, e voltou a falar em “protecionismo disfarçado”, o que é uma desculpa esfarrapada para a chefe de um governo que ainda não mostrou a que veio.
“A política monetária expansionista, os chamados afrouxamentos quantitativos, ao desvalorizar as moedas dos países desenvolvidos, tornam esses países artificialmente mais competitivos […] O acesso aos nossos mercados é extremamente facilitado por essas políticas de desvalorização das moedas. E um protecionismo disfarçado se impõe ao reduzir as exportações dos nossos países em desenvolvimento”, disse a presidente.
“O efeito cumulativo dessas políticas monetárias expansionistas, conjugado a uma exagerada austeridade, exporta a crise para o resto do mundo e não resolve os graves problemas dos países desenvolvidos, como o desemprego galopante e a desesperança”, completou.
Em outras palavras, Dilma Rousseff quer que os países em crise não despejem no mercado mais dinheiro, pois com o excesso de oferta de moeda estrangeira o Real acaba se valorizando, o que prejudica as exportações verde-louras. Isso mostra que a economia brasileira é falha, sem que o governo acene com a possibilidade de promover mudanças estruturais, o que resolveria muitos dos problemas existentes.
Dilma e seus geniais assessores deixarem de lado o messianismo barato e mentiroso que infesta o Palácio do Planalto, preocupando-se apenas e tão somente com os problemas internos, a economia brasileira corre o risco de esboçar sinais de reação. É preciso deixar de criticar as medidas adotadas por alguns governantes, pois esses cumprem a missão de salvar as economias de seus respectivos países. Como cada um parte para a guerra com as armas que tem à disposição, Dilma que trate de encontrar as suas, pois de conversa mole e fiada o brasileiro já está cansado.