Dinheiro à vontade – Nada é mais direita no mundo do que um representante da esquerda no poder. Ao disputar a eleição presidencial da França, o socialista François Hollande venceu na esteira de um discurso reformista e de corte de gastos. A primeira medida que em nada resolveu a crise francesa, mas teve caráter supostamente didático, foi o corte em 100% de carros oficiais e a redução do salário de servidores, deputados e de altos funcionários públicos. A economia desse corte salarial renderá ao governo uma economia anual de 4 milhões de euros, dinheiro que será investido em um fundo para mães solteiras.
Essa medida foi puramente cosmética, pois Hollande precisava, em algum momento, cumprir as promessas de campanha. E nada melhor do que fazer isso nos primeiros dias de governo, pois o impacto é mais eficiente e pode levar a população a um equívoco, deixando de vigiar o presidente nos meses vindouros.
Para mostrar que todo o seu discurso moralista nos primeiros dois meses de governo não passava de pirotecnia oficial, François Hollande, no salão de festas do Palácio do Eliseu, ofereceu à presidente Dilma Rousseff e a outros 250 convidados um jantar que custou 1,5 milhão de euros. Ou seja, para adular a presidente de um país cuja economia cambaleia, François Hollande gastou no regabofe de gala o equivalente a 37,5% do valor destinado anualmente pelo governo ao fundo das mães solteiras.
Fato é que o capitalismo proporciona benesses inenarráveis e não há quem não se renda ao modelo econômico que encanta a todos, da burguesia ao proletariado, da esquerda à direita, passando pelos liberais.