Sinal de desespero – Não há como discordar do inteligente e polêmico jornalista José Simão, colunista do jornal “Folha de S. Paulo”, quando ele escreve e diz que o Brasil é o país da piada pronta. São tantas frases lapidares que tão bem traduzem a balburdia em que se transformou o País, que o governo deveria erguer um muro para abrigar todas elas em cada aeroporto internacional, para que o turista não seja enganado.
Sem ter como escapar do movimento que começou e cresce na internet e que pede o seu impeachment, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), usou a tribuna do plenário nesta terça-feira (19) para, com um discurso pouco convincente, tentar neutralizar o documento que tem mais de 1,5 milhão de assinaturas e deve ser entregue no Congresso Nacional nos próximos dias.
Renan, como se fosse o mais cristalino dos políticos brasileiros, anunciou medidas de “transparência” e cortes de gastos na instituição que resultarão, segundo o parlamentar, em economia da ordem de R$ 262 milhões por ano. Da tribuna, Renan afirmou que cumpre uma “promessa de campanha” ao tornar a Casa legislativa mais “enxuta e transparente”.
Renan Calheiros, que não suporta encarar a realidade, como ficou claro no caso da demissão de duas estagiárias do Senado que o compararam a um rato, ainda não compreendeu que a insatisfação da sociedade não resulta dos valores gastos na casa, mas de sua presença no comando do Congresso Nacional. O senador alagoano precisa que alguém lhe explique que a questão está no recente escândalo (inço anos é pouco tempo) que, a partir do seu envolvimento com a jornalista Mônica Veloso, descobriu-se um esquema de cobrança de propinas por parte do parlamentar, cujos pagamentos se davam por meio da quitação das despesas da jornalista e da filha que o alagoano teve fora do casamento.
O presidente do Senado precisa aceitar a ideia de que ter justificado o dinheiro pago a Mônica Veloso com a venda de vacas mais que sagradas e o uso de notas fiscais frias é o que lhe fazem persona non grata no País. Isso ficou claro durante o Carnaval, quando a presença de Renan Calheiros em um SPA gaúcho causou a revolta dos hóspedes.
Não há como aceitar alguém com o currículo de Renan Calheiros no comando do Legislativo federal, pois a sua permanência no cargo criará mais uma nódoa na história conturbada do Senado brasileiro, traduzindo de forma fiel a esculhambação em que se transformou o Brasil. O bom exemplo deve vir de cima para que uma sociedade mude para melhor. Não será com Renan Calheiros que o Brasil conseguirá mostrar aos cidadãos que a transgressão não compensa. Se o cenário político atual não mudar, será impossível para a sociedade condenar, mesmo que por conta própria, o ladrão da esquina.
Deixar Renan Calheiros na presidência do Senado Federal e do Congresso Nacional é o mesmo que convidar Fernandinho Beira-Mar para coordenar uma clínica de recuperação de dependentes químicos. Para não dizer que é colocar a raposa tomando conta do galinheiro, pois o senador peemedebista já mostrou ao mundo que reage mal diante de comparações animalescas. Clique e leia o artigo “Renan, batizei o mouse do computador com o seu nome!”.